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Editora UFRJ lança manual para reabilitação física

Livro ajuda fisioterapeutas na prática da mobilização precoce neurofuncional com procedimentos ilustrados

Passo a passo. O processo é lento até que uma pessoa internada em um hospital recupere a mobilidade. A reabilitação locomotora demanda a realização de exercícios físicos, pois é preciso se movimentar para adquirir a força muscular e assim voltar a ter a mobilidade plena. Para isso, é importante que os fisioterapeutas estejam preparados para possibilitar uma assistência de qualidade, principalmente em pacientes que tiveram funções motoras afetadas por doenças como o acidente vascular cerebral (AVC).

Uma das práticas para a promoção da reabilitação de pessoas que tiveram um AVC é a mobilização precoce (MP) neurofuncional. Os procedimentos dessa prática se referem a qualquer tipo de exercício físico que auxilie na circulação sanguínea, ventilação e metabolismo, como movimentos de rolamento, resistência ou sentar-se na beira da cama para evitar a atrofia muscular. Mas, apesar de importante, a MP não é prioridade da fisioterapia no contexto hospitalar, que, historicamente, foca a atenção na atuação intensiva respiratória.

Buscando oferecer um material de referência, a Editora UFRJ lançou, neste ano, o livro PMP neuro − Mobilização precoce neurofuncional: um guia de intervenção para pacientes neurológicos hospitalizados. A obra, essencial para os fisioterapeutas hospitalares, destaca a relevância da prática, os cuidados com a segurança do paciente e explica os procedimentos indispensáveis para a PMP neuro com imagens ilustrativas. Ao longo de nove capítulos, o livro aborda tópicos acerca da mobilização precoce neurofuncional, desde a avaliação das escalas funcionais e da síndrome do imobilismo até o treino de mobilidade no leito e sua evolução para a marcha.  Com isso, o livro se dispõe a orientar desde o aluno de graduação até o fisioterapeuta formado na condução da reabilitação.

A obra é escrita por Fernanda dos Santos Lima, fisioterapeuta com residência, mestrado e doutorado na UFRJ, e Ana Paula Fontana, professora da Faculdade de Fisioterapia (FFisio/UFRJ), que conversou com o Conexão UFRJ. Para entender mais sobre o livro, confira a entrevista completa a seguir:

Conexão UFRJ: Qual a importância de mobilizar o paciente?

Ana Paula: A principal é prevenir as complicações da imobilidade comuns durante a internação. Além da prevenção da perda de força, lesões por pressão na pele (úlceras), trombose e deformidades devido à inatividade, mobilizar o paciente auxilia para o ganho de sua independência ainda na fase hospitalar.

Conexão UFRJ: O que acontece quando não movimentam o paciente?

Ana Paula: O paciente mais propenso à inatividade, além de perder esse período ótimo para a neuroplasticidade, fica propenso às complicações da síndrome do imobilismo. Ela é decorrente do repouso prolongado no leito e leva a repercussões nos sistemas cardiovascular, respiratório, osteomuscular e cutâneo com riscos de desenvolvimento de sarcopenia (perda de força generalizada), retrações músculo-tendíneas e deformidades como “pé caído”, trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar.

Conexão UFRJ: Como a MP neurofuncional pode ajudar pacientes que tiveram um AVC?

Ana Paula: A MP, além de promover os benefícios já citados, aproveita o período de reorganização do cérebro (neuroplasticidade), que será importante para a recuperação sensorial e motora. Todos os estímulos oferecidos com a MP interferirão no prognóstico de independência do paciente nos próximos meses.

Conexão UFRJ: O que é a questão neurofuncional no contexto da mobilização do paciente?

Ana Paula: A recuperação neurofuncional na MP incide em resgatar a funcionalidade do paciente, prevenindo e amenizando incapacidades e promovendo a independência durante suas atividades de vida diárias. Assim, sua participação social pode ser favorecida e, consequentemente, sua qualidade de vida.

Conexão UFRJ: O que é importante o fisioterapeuta saber sobre o paciente para decidir por MP neurofuncional?

Ana Paula: Existem critérios clínicos sobre pressão arterial, frequência cardíaca, parâmetros respiratórios, dentre outros, que a literatura recomenda para evitar efeitos adversos durante a mobilização e aumentar sua segurança.

Conexão UFRJ: Existe o momento certo para fazer a MP?

Ana Paula: Quanto mais precoce, melhor. Esse período costuma ser após as 24 horas do AVC e, de preferência, antes de se completarem 48 horas.

Conexão UFRJ: Qual a importância do manual para a correta MP neurofuncional dos pacientes?

Ana Paula: O manual serve como um guia que auxilia o profissional desde o momento de eleger o paciente viável para a MP, o discernimento de qual fase funcional o paciente se encontra até a elaboração de um atendimento personalizado para suas demandas funcionais.

Baixe o livro PMP neuroMobilização precoce neurofuncional: um guia de intervenção para pacientes neurológicos hospitalizados no site da Editora UFRJ.

Ana Paula Fontana é fisioterapeuta e professora da Faculdade de Fisioterapia da UFRJ. Dedicou sua trajetória acadêmica, da residência ao pós-doutorado, ao estudo da fisioterapia e das neurociências, tendo se destacado pela assistência aos pacientes com sequelas de AVC.

Fernanda dos Santos Lima é fisioterapeuta, com formação em Clínica Médica pelo Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ, onde deu início à sua pesquisa sobre Mobilização Precoce no Doente Neurológico Agudo. Seguiu na mesma linha de pesquisa em seu mestrado e seu doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Clínica Médica na UFRJ, orientada pela professora Ana Paula Fontana.