O Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier), em conjunto com o Laboratório de Virologia Molecular (LVM) da UFRJ, emitiu nota nesta quinta-feira, 31/8, em que pontua que há diferentes variantes da Ômicron, da covid-19, circulando na cidade do Rio de Janeiro desde fevereiro deste ano.
A afirmação foi feita após a Unidade de Genômica do LVM ter realizado sequenciamento de 90 amostras de pacientes que positivaram para covid-19. Foram colhidas amostras dos seguintes meses:
- fevereiro: um paciente;
- março: 58;
- abril: 15;
- maio: seis;
- junho: dois;
- julho: cinco;
- agosto: três.
“A nova linhagem EG.5.1.1 (23F), que vem sendo associada a um possível aumento no número de casos de covid-19 em alguns países, foi observada em 2 das 90 amostras sequenciadas pela Unidade”, afirma a nota, assinada por Terezinha Castiñeiras, diretora do Needier e professora da Faculdade de Medicina da UFRJ, e por Amilcar Tanuri, vice-diretor do Needier e chefe do LVM, do Instituto de Biologia da UFRJ.
Amostras da nova linhagem (EG.5.1.1) são de duas pessoas de uma mesma família
Segundo o documento emitido pelo Needier e pelo LVM, ambas as amostras que apresentaram a nova linhagem da variante Ômicron foram coletadas em agosto de duas pessoas de uma mesma família. Elas tiveram febre e sintomas respiratórios uma semana depois que voltaram da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
“O histórico de retorno recente de localidade com grande concentração de turistas internacionais de variadas procedências e o curto espaço de tempo para o adoecimento apontava para a possibilidade de infecção “importada” seguida de transmissão intradomiciliar”, ressaltam os pesquisadores.
O documento finaliza afirmando que todos os genomas produzidos estão sendo compartilhados com a Global Initiative on Sharing All Influenza Data (Gisaid), a iniciativa global de compartilhamento de dados da influenza.
Leia na íntegra abaixo ou aqui.
A Unidade de Genômica/LVM da UFRJ realizou o sequenciamento de 90 amostras de swab nasofaríngeo, obtidas de indivíduos com sintomas respiratórios atendidos no NEEDIER/UFRJ e que tiveram o diagnóstico de COVID-19 confirmado por RT-qPCR (Ct<26) para SARS-CoV-2. Visando a vigilância genômica das variantes deste vírus na cidade do Rio de Janeiro, as amostras analisadas foram coletadas ao longo dos meses de fevereiro (1), março (58), abril (15), maio (6), junho (2), julho (5) e agosto (3) de 2023.
Os resultados obtidos indicam a presença de diferentes variantes do clado Omicron circulando na cidade desde fevereiro de 2023 (22F; 23A; 23D; 23E). A nova linhagem EG.5.1.1 (23F), que vem sendo associada a um possível aumento no número de casos de COVID-19 em alguns países, foi observada em 2 das 90 amostras sequenciadas pela Unidade. Ambas as amostras, que exibem correlação, foram coletadas durante o mês de agosto (dias 10 e 11/08/2023) de dois membros de uma mesma família, que apresentaram em sequência, febre e sintomas respiratórios, cerca de uma semana após retorno da Chapada dos Veadeiros/Goiás. De fato, o primeiro a apresentar sintomas neste domicílio, apresentou um quadro de resfriado de curta duração, quatro dias após o retorno da viagem. O histórico de retorno recente de localidade com grande concentração de turistas internacionais de variadas procedências e o curto espaço de tempo para o adoecimento apontava para a possibilidade de infecção “importada” seguida de transmissão intradomiciliar. A despeito destes achados sinalizarem a entrada da variante EG.5.1.1 (23F) no Rio de Janeiro, não foi possível afirmar que já estava ocorrendo transmissão local sustentada por esta variante na ocasião. Todos os genomas produzidos estão sendo depositados GISAID.