As lâmpadas fluorescentes foram criadas por volta de 1934 e ao longo do século XX passaram por uma série de avanços em eficiência e durabilidade, sem alterar a forma de seu funcionamento. Embora ainda sejam bastante populares, seu descarte correto ainda é um desafio para a população.
De uma forma geral, a lâmpada fluorescente consiste em um tubo de vidro selado, disponível em formatos variados, com um eletrodo por onde passa a corrente elétrica quando a lâmpada é ligada. Em relação ao consumo energético, essas lâmpadas representaram um grande avanço quando comparadas às incandescentes, uma vez que são muito mais eficientes em gerar luz, sem que tanta energia seja dissipada na forma de calor. Dessa forma, a substituição das lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes aconteceu de forma massiva ao longo do século XX, principalmente em escritórios e prédios públicos com grandes áreas que demandam muita iluminação.
Mesmo depois da popularização das lâmpadas fluorescentes, as soluções tecnológicas para formas mais eficientes de iluminação não pararam. Com o passar do tempo, a tecnologia das lâmpadas do tipo LED (Light-Emiting Diode) passou a se tornar acessível e representou um novo avanço no contexto do consumo energético. Essas lâmpadas, mais modernas, conseguem obter uma eficiência luminosa e energética ainda maior do que as fluorescentes. Seus benefícios também estão relacionados à geração de resíduos resultantes do seu descarte, uma vez que praticamente todos os seus componentes são eletrônicos e podem ser reaproveitados.
Mas afinal qual o problema com as lâmpadas fluorescentes?
As lâmpadas fluorescentes contêm, entre outros elementos, pó de fósforo, um gás inerte e mercúrio. Essa última substância, um metal pesado que pode contaminar a água e o solo, além de causar sérios problemas neurológicos aos seres humanos, é o que torna o seu descarte tão perigoso para o meio ambiente e para nossa saúde.
Isso, no entanto, não quer dizer que essas lâmpadas não sejam recicláveis. Na verdade, elas são – mas as empresas habilitadas para realização da descontaminação e reciclagem precisam dispor de um processo em ambiente controlado para que não haja escape de vapor de mercúrio, que pode causar a contaminação dos trabalhadores envolvidos no processo e do meio ambiente. Quando a reciclagem é feita corretamente, todos os componentes da lâmpada podem ser reaproveitados: vidro, pó de fósforo, mercúrio e partes metálicas, garantindo o retorno de todos os componentes à cadeia produtiva. O problema é que, por conta desse processo ser complexo e custoso, poucas empresas são habilitadas para realizar a reciclagem dessas lâmpadas.
Ao longo das décadas, a UFRJ – assim como os demais setores da sociedade – foi substituindo sua iluminação por lâmpadas mais eficientes e menos custosas. Isso aconteceu com a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes e, agora, das fluorescentes por novas lâmpadas com tecnologia LED. Somente no Centro de Ciências da Saúde (CCS), em 2023, essas lâmpadas ultrapassaram a marca de 20 mil unidades estocadas em contêineres aguardando alguma solução.
Dada a dificuldade para o descarte e a gradual substituição das lâmpadas fluorescentes, a instituição acabou com um problema que não para de crescer em suas mãos: como lidar com esses resíduos?
O problema tem solução!
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305/ 2010, implementou a responsabilidade compartilhada – abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e os consumidores – pela logística reversa das lâmpadas fluorescentes devido à sua capacidade de causar danos ao meio ambiente. Assim, a partir do momento em que uma lâmpada fluorescente não pode mais ser utilizada, ela deve ser encaminhada até uma empresa habilitada para descontaminação e reciclagem.
Segundo a lei, cabe aos consumidores o descarte dessas lâmpadas nos pontos de coleta adequados; aos distribuidores, a criação desses pontos de coleta; e aos fabricantes e importadores, a destinação final ambientalmente correta. Para facilitar esse caminho, o Ministério do Meio Ambiente e as associações de importadores e fabricantes de lâmpadas assinaram o Acordo Setorial de Lâmpadas Fluorescentes de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista.
Para dar a destinação correta à enorme quantidade de lâmpadas fluorescentes do CCS, a Coordenação de Biossegurança, por meio do setor Recicla CCS, identificou e contactou a entidade gestora do acordo setorial, buscando uma forma de se integrar a esse sistema de logística reversa.
Assim, de forma inédita e sem nenhum custo à instituição, no final de maio, o CCS promoveu o descarte ambientalmente correto e responsável de cerca de 20 mil lâmpadas que representavam um risco ambiental, fazendo valer a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
“Esse descarte constitui uma ação importante, pois ressalta o comprometimento do Centro de Ciências da Saúde com a política institucional de preservação ambiental e sustentabilidade da UFRJ, assim como reafirma o compromisso com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU”, afirma Bianca Ortiz, professora e coordenadora de Biossegurança do CCS.
A dificuldade na destinação correta de lâmpadas afeta diversas outras unidades da UFRJ e entidades públicas que ainda não conseguiram identificar os meios de realização dos trâmites para garantir que o material seja descartado corretamente. É muito importante que todos façam sua parte para evitar que este problema cresça e se torne um risco ambiental ainda maior.
Caso sua unidade esteja enfrentando este desafio, você pode obter mais informação entrando em contato com o Recicla CCS e a Coordenação de Biossegurança do CCS pelo e-mail coordenacaodebiosseguranca@ccsdecania.ufrj.br.