“Internacionalizar não é uma necessidade, é fundamental.” Com essa fala, a pró-reitora de Pós-Graduação, Denise Freire, defendeu a importância de entender a ciência como uma ferramenta sem fronteiras para a transformação da sociedade. O discurso reforça a movimentação promovida pelo apoio que a Universidade Federal do Rio de Janeiro tem recebido do Programa Institucional de Internacionalização da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes PrInt) desde 2018. A iniciativa vem fortalecendo a internacionalização da ciência por meio de doutorados-sanduíche, missões no exterior, capacitações e intercâmbios de professores visitantes.
Entre os objetivos da parceria, estão o aumento da mobilidade internacional da comunidade acadêmica, bem como o crescimento da visibilidade nacional e internacional das pesquisas da Universidade. O apoio também pode ampliar a publicação de trabalhos com maior impacto e circulação, além de atrair pesquisadores internacionais para atuarem junto à instituição, ainda que temporariamente.
Para celebrar o ciclo, no dia 12/5, o Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro, foi o espaço que recebeu pesquisadores de diferentes áreas e nacionalidades para pensar sobre cidade, sustentabilidade, tecnologia e outros temas no evento Internacionaliza UFRJ 2030. Promovido pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PR-2), a iniciativa também contou com a atuação da Faculdade de Arquitetura (FAU) e do Instituto Nutes de Educação em Ciências e Saúde.
Intercâmbios e trocas
Entre os anos de 2018 e 2023, a parceria entre UFRJ e Capes PrInt gerou mais de 500 ações de internacionalização − cerca de 50% foram doutorados-sanduíche. É o caso da pesquisa do doutorando Leno Veras de Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (PPGCOM) da Escola de Comunicação (ECO), que realizou parte da sua pós-graduação na Universidade de Londres, em 2019. Na pesquisa “Máquina do tempo: futuros passados presentes”, ele propõe o estudo de museus como plataformas de memória e de transversalidade temporal, atuando como uma máquina do tempo.
Ao longo do dia, o evento recebeu ainda convidados internacionais que puderam discutir sobre sustentabilidade e tecnologia. A pediatra norte-americana Ruth Etzel apresentou a pesquisa sobre a forma que as mudanças climáticas afetam primordialmente crianças e adultos em situação de vulnerabilidade, como os pertencentes a comunidades negras e periféricas. A “injustiça ambiental” foi um dos conceitos trazidos pela pesquisadora do Instituto Escola de Saúde Pública Milken. Ela reforçou que a poluição do ar causa mais de 570 mil mortes por ano.
Alarmantes também foram as informações trazidas por Andreja Rajkovic, da Universidade de Ghent, na Bélgica. Pesquisador em segurança alimentar, ele explicou a existência de microplásticos no corpo humano e os riscos de colonização microbiótica desses fragmentos, principal questão de alerta de toxicidade. “Enquanto não se pensar uma alternativa para o plástico, ele continuará ali”, alertou.
Na plateia, representantes discentes, docentes, pesquisadores, integrantes de setores públicos e de empresas multinacionais ouviram atentos os resultados de pesquisas que podem mudar os rumos do planeta. Denise destaca, por isso, a relevância do evento para atingir aqueles que detêm o poder de tomada de decisões.
Para ela, a UFRJ já era internacional, mas as ações aconteciam de forma descentralizada. “Antes, um evento como esse seria ligado a um pesquisador, e não à UFRJ. Hoje, não. A ideia é exportar conhecimento, e não pessoas. É importante ter as trocas e intercâmbios para que possamos receber também. A ciência é internacional por si só. Ela não tem fronteiras”, conclui a pró-reitora.