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Meio século de dedicação

Em homenagem a servidores públicos, reitora da UFRJ se despede e se compromete a fortalecer a democracia universitária e reduzir as desigualdades sociais no país

A reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Denise Pires de Carvalho, participou ontem (11/1) da homenagem prestada aos profissionais da instituição com mais de 50 anos dedicados ao serviço público. Convidada para assumir o comando da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu), Denise esteve no evento, que ocorreu no Salão Dourado do Palácio Universitário, na Praia Vermelha, para se despedir e defender que as escolhas futuras de reitores das instituições públicas deixem de ser ameaçadas por intervenções federais e que se fortaleçam as escolhas democráticas das listas tríplices.

Embora tenha permanecido pouco tempo na cerimônia, uma vez que tinha compromissos em Brasília, Denise, de forma simbólica, homenageou todos os servidores presentes ao entregar a medalha pelas cinco décadas de serviço na UFRJ ao secretário geral do Conselho Universitário, Ivan da Silva Hidalgo. A reitora destacou a importância da homenagem a pessoas que dedicaram uma vida à UFRJ. “Somos o poder de transformação na vida das pessoas. Não há mobilidade social sem educação. O ensino superior é a forma mais rápida para reduzir a desigualdade social no Brasil”, lembrou Denise, que crê ser o capital humano o valor mais importante da universidade.

Denise também destacou, em seu discurso, a importância da UFRJ como exemplo no país e para os países vizinhos a fim de reduzir os desequilíbrios sociais e econômicos. “A América Latina tem instituições de excelência, que precisam atuar para o efetivo desenvolvimento das nações”, disse ela, ressaltando que a expectativa de vida média da humanidade cresceu cinco anos em decorrência das evoluções científicas em diversas áreas, principalmente na saúde. Segundo a reitora, a aplicação do conhecimento gerado pelo próprio homem trouxe melhor qualidade de vida, pois produziu a descoberta de vacinas, medicamentos e novos diagnósticos.

“Infelizmente nós, que trabalhamos em prol da geração do conhecimento, vimos, nos últimos quatro anos, muitos questionamentos sobre a importância da ciência, que foi negada ou, pior, mal utilizada com a propagação de notícias falsas. Em pleno século XXI, com as pessoas usando aplicativos no celular que fornecem a localização por satélite, há ainda quem questione se a Terra é plana”, afirmou.

Ao comentar sobre o cargo que passará a exercer na Sesu, Denise Pires de Carvalho se comprometeu a trabalhar no sentido de uma sociedade mais justa e equânime. “Assumo essa nova missão, mas não vou abandonar a UFRJ de todo, pois vou continuar ouvindo as vozes da UFRJ, de professores, de técnicos e de nossos estudantes. São essas pessoas que plantam o futuro da nação brasileira”, enfatizou a reitora.

Homenagem aos servidores

O vice-reitor da UFRJ, Carlos Frederico Leão Rocha, assumiu a condução da cerimônia, que homenageou auxiliares, assistentes, técnicos e docentes e contou com o apoio do pró-reitor de Pessoal (PR-4), Alexandre Brasil Carvalho da Fonseca. Com um discurso carregado de emoção, a professora Deia Maria Ferreira, do Instituto de Biologia, representou todos os homenageados, chamando a atenção para a importância dos servidores na gestão pública e estabilidade do país.

Segundo Deia, ao longo de 50 anos, tanto a universidade como a sociedade e o mundo passaram por diversas mudanças. Dos primeiros anos ainda sob uma ditadura até a inclusão por cotas de jovens das camadas populares, todos, sem exceção, não se acomodaram e enfrentaram os desafios impostos pelas atividades cotidianas, tecnologia e transformações nos comportamentos de cada geração. “Muitas vezes as soluções vieram do conjunto, de uma equipe disposta a passar por mudanças e seguir inovando, como uma peça de uma grande engrenagem que é a universidade. A formação de milhares de estudantes depende de todas as partes do todo”, destacou ela.

Após a leitura de trechos das experiências vividas na Universidade por todos os homenageados, foram entregues as medalhas aos servidores  Celuta Sales Alviano, Deia Maria Ferreira, Laércio de Nonno Filho, Luiz Antônio D´Ávila, Paulo Martins Scardino, Paulo Pinto da Rocha, Pedro Manoel da Silveira, Ricardo Moreira Chaloub, Romildo de Souza Marian, Ronaldo Ferreira da Costa e Silva, Sebastião Vicente Filho, Adilmo Mota de Andrade e à representante de Luiz Carlos Vieira, Vera Uszar, chefe do Departamento de Botânica.

Servidores da universidade receberam medalhas pelos 50 anos dedicados à instituição | Foto: Fábio Caffe (SGCOM)

O vice-reitor da UFRJ aproveitou para, mais uma vez, evidenciar a importância dos servidores para o país, lembrando que a estabilidade da atividade não é um privilégio, mas uma garantia para o Estado brasileiro, uma vez que, como representantes da sociedade, enfrentam diferentes ideologias e governantes autoritários que cometem arbitrariedades. “Como no Iphan, por exemplo, várias vezes, vimos os servidores se voltarem contra um governo autoritário para garantir a estabilidade do Estado brasileiro. É central a função do servidor público”, disse.

Carlos Frederico Rocha, antes de encerrar a cerimônia, chamou a atenção também para a necessidade de expandir as universidades pelo país, dando mais oportunidades aos jovens. “Além de colocarmos mais graduados em atividade, também aumentaremos a produtividade do país. Em consequência, o piso salarial de todos aumentará”, disse ele, lembrando que, entre outros efeitos do ensino universitário e desafios para a UFRJ, estão a melhoria da educação básica, por meio da formação de professores mais qualificados, e a evolução da ciência.

A íntegra da homenagem pode ser assistida no canal da UFRJ no YouTube.