Iniciativa em destaque no jornal O Globo, na coluna de Ancelmo Gois, na quinta-feira, 15/9, foi lançado o Instituto de Futuros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O lançamento aconteceu no salão Pedro Calmon, no campus Praia Vermelha. A partir do olhar da ciência, o instituto será um lugar do encontro de conhecimentos para pensar e projetar amanhãs desejáveis para o Rio e o Brasil.
Para a estreia do Instituto de Futuros, os convidados assistiram à palestra de Alessandro Mongili, professor de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Pádua (Itália), seguida de debate. Sociólogo especialista em questões relacionadas a infraestruturas de informação, aos problemas de design e articulação e temas relacionados à inovação e marginalização em áreas periféricas e fronteiriças, Mongili apresentou a conferência Convergências, Atividades Infraestruturadas e Múltiplas Ontologias: O Fluxo das Tecnologias do Futuro.
O pesquisador abordou como a sociedade está hoje entretida com artefatos tecnológicos, especialmente digitais, para qualquer atividade, e as características das experiências tecnológicas que apontam para o mundo do futuro.
“Quando falamos sobre tecnologias, falamos sobre conjuntos coletivos e redes, e os humanos, cada vez mais, as veem em cada atividade, desde pagar contas até trocar mensagens e aprender como fazê-las. As tecnologias precisam ser aceitas como ferramentas para desempenhar atividades em um contexto cada vez mais saturado por outras tecnologias. A experiência humana é rica em encontros tecnológicos, que, embora ocorram em locais individuais, são compartilhados por grandes grupos de pessoas vivenciando em lugares diferentes particularmente enquanto práticas e conhecimentos a serem aprendidos. Então, a pergunta que faço é: é possível falar sobre interação homem-máquina como cerne de nosso interesse analítico ou não seria melhor incluir todos os elementos envolvidos e tomar uma abordagem radicalmente ecológica em uma dimensão sociotécnica e coletiva que caracteriza esse fenômeno híbrido?”, questionou Mongili.
“Eu acho que é importante promover um encontro mais ecológico das relações entre humanos e tecnologias, para se contextualizar, mais precisamente, tanto a singularidade da universalidade dessa condição moderna sociotécnica quanto a tecnologia que define o contexto para muitos ou a maioria das atividades humanas contemporâneas. Qualquer sistema ou dispositivo deve ocupar um lugar, um tempo”, afirmou o professor italiano.
O Instituto de Futuros
Ligado ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC), o Instituto de Futuros, que foi gestado pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), tem os seguintes objetivos:
- ser um “hub de conhecimento” sobre projetos portadores de futuro elaborados por pesquisadores da UFRJ e de instituições nacionais e internacionais parceiras em vários campos do saber, tais como: biodiversidade e sustentabilidade, biociência e medicina do futuro, cidades inteligentes e inteligência artificial, mudanças climáticas e transições energéticas, reflexões das ciências humanas e sociais, transições sociais e econômicas, do mundo do trabalho, da educação, das desigualdades, do financiamento do desenvolvimento;
- contribuir para a construção de amanhãs desejáveis – para o Rio de Janeiro e a sociedade brasileira – por meio da projeção, prospecção e antecipação de tendências fortes relacionadas às transições profundas em curso;
- promover a defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável com propostas que minimizem a aceleração das mudanças climáticas e da degradação ambiental, por um lado, e de redução das desigualdades sociais, por outro;
- defender e disseminar princípios e valores de inclusão social, desenvolvimento humano, ética, paz, cidadania, direto à cidade, direitos humanos em geral, democracia e outros valores universais.
Para alcançar tais objetivos, serão atividades do Instituto de Futuros:
- estabelecer uma plataforma para a colaboração criativa entre a Academia, o governo, empresas públicas e privadas, sociedade civil, por meio de um espaço comum de intercâmbio, interlocução e ações concretas – commons –, para servir às comunidades interna e externa à Universidade;
- oferecer serviços especializados de assessoramento, como o de avaliação (valuation) de projetos portadores de futuro, a partir de metodologias desenvolvidas para tal;
- construir e realizar programas de capacitação em futuros, assim como realizar outras ações educacionais, nos âmbitos de ensino, pesquisa e extensão, como: programas de capacitação, treinamentos, aulas, cursos, palestras, seminários, workshops e quaisquer outros eventos e ações educacionais, presenciais e/ou a distância por meio de metodologias inovadoras, que promovam a reflexão sobre amanhãs desejáveis;
- articular e potencializar o alcance das redes nacionais e internacionais de pesquisa, atuais e futuras;
- promover a inovação, inclusive pela pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico, ou o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos, em especial aqueles de caráter disruptivo.