Foi aprovada na última semana a criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), órgão que será vinculado ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ. A decisão foi tomada por unanimidade durante a reunião do Conselho Diretor do centro universitário, realizada no dia 7/12.
O Núcleo, composto por estudantes, servidores e colaboradores, promoverá atividades de ensino, pesquisa e extensão visando à promoção da equidade étnica e racial. Suas ações são voltadas para a valorização das culturas negra e indígena, o combate ao racismo e de outras formas de discriminação, além da ampliação e consolidação da cidadania e dos direitos das populações negras e indígenas.
Os Neabis fazem parte de um conjunto de políticas afirmativas, relacionadas ao cumprimento das leis nº10.639/2003 e nº 11.645/2008, que tornaram obrigatório o ensino de História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena em todo o país. Com a implantação do Neabi, a UFRJ reafirma seu fomento a iniciativas de formação complementar e continuada para enfrentamento das desigualdades raciais no ensino superior do país.
As atribuições do Neabi são: colaborar com a formação inicial e continuada de professores e graduandos em educação de relações étnico-raciais; elaborar materiais didáticos; mobilizar recursos para implementação da temática de modo a atender às necessidades de formação continuada dos professores; atender e orientar Secretarias de Educação; estabelecer parcerias e difundir conhecimentos para uma educação antirracista.
O Núcleo entende como ações fundamentais não só a revisão e o questionamento de epistemologias eurocentradas e tradicionalmente discriminatórias, mas sobretudo a investigação e disseminação de saberes e conhecimentos diversos, oriundos de experiências africanas, afrodiaspóricas e indígenas e das singularidades das relações étnico-raciais no Brasil.
“A proposta político-pedagógica do Neabi é centrada na formação em todos os seus aspectos: pedagógicos, de ensino, pesquisa e extensão. Queremos construir um núcleo permanente de investigação e estudo, de articulação dentro da própria Universidade e também fora dela”, afirmou a professora Rachel Aguiar, vice-coordenadora provisória do Neabi/ UFRJ e coordenadora de ensino do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (Nepp-DH). “Estamos empenhadas em construir ações que irão transformar as estruturas curriculares da UFRJ e fortalecer as lutas antirracistas na Universidade”, completou.
Esse redirecionamento da produção e circulação de novos saberes, na UFRJ, é imperioso, considerando, entre outros fatores, a flagrante transformação do corpo docente e discente, desde a conquista do acesso a essa instituição por meio das cotas sociais e raciais, que visam minimizar as desigualdades étnicas e raciais no ambiente universitário.
Além de integrantes do Conselho Diretor do Fórum de Ciência e Cultura, o encontro contou com a participação do babalaô Ivanir dos Santos, professor colaborador do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) e um dos apoiadores do projeto.
Neabi será órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura
De acordo com as diretrizes aprovadas na última reunião do Conselho Diretor, o Neabi/UFRJ será um órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura. “A criação do Neabi é um acontecimento histórico. É uma felicidade que o Núcleo esteja, a partir de agora, vinculado ao Fórum, um órgão interdisciplinar,voltado para a relação entre Universidade e sociedade”, afirmou a professora Tatiana Roque, coordenadora do Fórum.
Tatiana também destacou o caráter transversal da proposta do Núcleo: “O Neabi não irá restringir seu trabalho de combate ao racismo e incorporação de referências não eurocêntricas somente às áreas sociais ou humanas. Essa é uma característica muito importante. O projeto é que essa desconstrução de referências canônicas, muitas delas racistas, seja feita em todas as áreas do conhecimento representadas no Fórum, como a Biologia, a Matemática e a Física. Todas essas áreas estarão envolvidas nos objetivos do Núcleo. Isso é absolutamente essencial neste momento da história do país”, finaliza.