A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou em definitivo na quinta-feira, 9/12, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 28/2021, que estabelece condições para reconstrução do equipamento cultural multiuso em lugar do antigo Canecão, no campus Praia Vermelha da UFRJ. Inaugurado em 1967, o Canecão funcionou como um importante polo difusor da cultura carioca e nacional até o seu fechamento definitivo, em 2010.
O projeto foi aprovado em forma de um substitutivo, estabelecendo uma nova delimitação para a implantação do equipamento multicultural, elaborada a partir de diálogo entre a Reitoria da UFRJ, associações de moradores da região e representantes da comunidade acadêmica da Universidade, realizado por meio de audiência pública conduzida pela Comissão de Assuntos Urbanos.
A presidente da comissão, a vereadora Tainá de Paula, destacou o intenso trabalho de diálogo entre todos os atores envolvidos, para que se chegasse ao melhor projeto possível para o retorno do equipamento cultural.
“O esvaziamento do Canecão vem sendo alvo de discussão há mais de uma década. Resgatar a importância desse equipamento e colocá-lo de volta na cena carioca é fundamental”, afirmou Tainá.
“Enorme avanço”
Em entrevista ao Conexão UFRJ, a reitora Denise Pires de Carvalho avaliou como positiva a aprovação do projeto na Câmara.
“Considero um enorme avanço para resolver a questão do abandono daquela área onde está o antigo Canecão e uma área do terreno da Praia Vermelha, abandonada há muitos anos. O Canecão tinha sido retomado pela Universidade há mais de dez anos e nenhum projeto havia sido levado adiante. Quando assumimos a Reitoria, descobrimos que aquele terreno nunca poderia ter sido uma casa de espetáculos, porque havia proibição pela legislação municipal. Tratava-se de uma questão que não havia sido resolvida pelas gestões anteriores”, afirma a reitora.
“O Canecão, como tal, foi tombado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em 1998 durante o governo Garotinho. O primeiro movimento teve que ser o de solicitar seu destombamento, o que nós fizemos logo no início da nossa gestão à frente da UFRJ, ainda em 2019. A Alerj aprovou o destombamento e o governador sancionou. O segundo movimento foi o de solicitar à Câmara Municipal e à Prefeitura do Rio que a cidade autorizasse que uma nova casa de espetáculos pudesse funcionar naquela área”, continuou Denise.
Mais que casa de espetáculos
De acordo com a reitora, o novo espaço não se limitará a performances musicais.
“Nós pretendemos que seja um centro cultural, mais do que somente uma casa de espetáculos, e isso foi aprovado por ampla maioria na Câmara Municipal, mostrando que a UFRJ está avançando no sentido de devolver para a sociedade brasileira uma casa de espetáculos na região, que é o berço da bossa nova, da música popular brasileira, que é essa expressão cultural incrível que nos caracteriza e que está na memória do brasileiro. Portanto, o que nós queremos é devolver um pouco da memória da cultura do estado, da cidade do Rio de Janeiro, para que todo o Brasil possa, no futuro, visitar. Quem sabe nesse novo centro multicultural nós possamos ter exposições, inclusive dos shows que aconteceram no antigo Canecão? Muitos deles, shows que contam um pouco da história do momento político-social do país. É isso que nós queremos: devolver mais uma expressão da cultura para a sociedade”, ressalta a reitora.
A UFRJ aguarda, agora, a sanção do prefeito Eduardo Paes. Em seguida, a Universidade deve efetuar chamamento público para investimentos na construção do novo espaço multicultural. A Reitoria deve acertar os detalhes com a Procuradoria Federal da UFRJ. “Neste primeiro momento, não pretendemos discutir o modelo de gestão do espaço depois de inaugurado. Se houver candidatos interessados na construção, enquanto ela ocorre, pretendemos instituir um comitê de governança e sustentabilidade pós-inauguração que deve definir, internamente, com a participação das instâncias decisórias da Universidade, qual será o modelo de gestão”, afirma Denise.
O espaço
A UFRJ obteve, em 10/5/2010, após 39 anos de batalha judicial, a reintegração de posse do terreno situado na rua Venceslau Brás, 215, no bairro de Botafogo, onde funcionava o Canecão.
A nova delimitação para implantação do equipamento cultural multiuso tem área de 15.000 m², com taxa de ocupação de 50% e altura máxima de 20 metros contados a partir da cota de implantação do pavimento térreo, incluindo todos os pavimentos e excluídos os compartimentos ou equipamentos técnicos acima do último pavimento.
O projeto prevê também que o empreendimento ofereça local de embarque e desembarque de passageiros, de carga e descarga, além de disponibilizar vagas de estacionamento, de acordo com as diretrizes a serem estabelecidas pelo órgão do Poder Executivo responsável pela engenharia de tráfego.
Por fim, a proposta prevê a apresentação de estudos de impacto sobre os efeitos do empreendimento na qualidade de vida da população residente, que deverá ser levado ao Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) e aprovado pelo órgão do Poder Executivo responsável pelo planejamento urbano.
Com informações da CMRJ