O Conselho de Coordenação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) aprovou, por unanimidade, em sua 880ª reunião ordinária, realizada na última segunda-feira (9/11), o título de Doutora Honoris Causa à escritora Carolina Maria de Jesus. A homenagem póstuma foi sugerida pela Direção do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) da UFRJ. O parecer é assinado pela Comissão Acadêmica do Conselho, composta pelos conselheiros Maria Muanis, Maria de Fátima Galvão, Jeane Alves da Silva, Miriam Krenzinger e Vantuil Pereira.
Na justificativa, a comissão destaca a relevância da escritora, nascida na década de 1910 e falecida em 1977, que é tema de 58 teses e dissertações nos últimos seis anos, de acordo com o Portal da Capes. As motivações apresentadas enfatizam ainda que Maria Carolina de Jesus é uma autora “fundamental na luta antirracista”, tendo enfrentado em vida “questões relacionadas ao que se denominou ‘racismo estrutural’, que, dentre as suas mais variadas formas de produzir o apagamento do negro da história nacional, procurou silenciar mulheres como Carolina Maria de Jesus como parte da produção da literatura brasileira”.
O documento afirma a importância da concessão do título honorífico pela necessária “reparação histórica do apagamento não de uma personalidade mas de um segmento étnico que historicamente foi negado o lugar na cultura nacional”. Ainda de acordo com as justificativas apresentadas, o papel da Universidade, nesse sentido, seria “não apenas no reconhecimento de injustiças do passado”, mas, sobretudo, o da “construção de novas possibilidades e percursos para mulheres negras, cuja marca de subalternidade, que alijou Carolina Maria de Jesus do espaço público e literário, ainda precisa ser superada”.
O parecer da Comissão Acadêmica concorda com a concessão do título “pelo incentivo a pesquisas que visem à elevação de figuras nacionais representativas da cultura negra; pela valorização de ações culturais, no campo de ensino e da extensão, que sigam na mesma direção”. Dessa forma, os conselheiros reconhecem “o apagamento das figuras negras da memória nacional”, que contou com a participação das próprias instituições acadêmicas, e afirmam a necessidade de “reparação que se inicia no interior da Universidade e deverá se espraiar para a sociedade com a concessão do título de Doutora Honoris Causa para toda a sociedade”.
A proposta agora segue para o Conselho Universitário (Consuni). Para ler o parecer da Comissão Acadêmica na íntegra, clique aqui.
*Notícia produzida pelo Setor de Comunicação do CFCH e publicada originalmente neste link.