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O que mudou na educação em saúde e tecnologia em 100 anos?

Durante as comemorações do centenário, palestras contam a trajetória das áreas na UFRJ

Em um século, muita coisa mudou. A Escola de Engenharia e a Faculdade de Medicina se uniram à Faculdade de Direito e deram origem à primeira universidade brasileira. Em seu centenário, a UFRJ debateu os rumos da saúde e da tecnologia em um evento comemorativo.  As mesas “Referência em inovação e tecnologia no Brasil” e “Ciência e saúde: rumo aos 300 anos” apresentaram as decanias do Centro de Tecnologia (CT) e do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e suas unidades, destacando ações que tornaram – e ainda tornam – a UFRJ um centro de excelência nas áreas.

Engenharia e tecnologias

A primeira palestra, mediada por Walter Suemitsu, decano do CT, contou com a presença de Suzana Kahn, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe); Maria Inês Tavares, do Instituto de Macromoléculas (IMA); Felipe Addor, do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides); Eduardo Mach, da Escola de Química (EQ); e Cláudia Morgado, da Escola Politécnica (Poli).

Captura de tela do debate sobre tecnologia. A tela é dividida em sete partes, exibindo os seis participantes e a intérprete de Libras.
Mesa “Referência em inovação e tecnologia no Brasil”

“O Centro de Tecnologia, ao longo dos seus 50 anos de existência, tem contribuído decisivamente para o desenvolvimento tecnológico do país, formando profissionais, realizando pesquisas e desenvolvendo projetos de extensão. Nosso objetivo é manter a excelência em todas as áreas, sempre atentos à inovação e ao desenvolvimento da tecnologia”, afirmou Suemitsu.

Uma das pautas mais importantes da Universidade e da tecnologia, segundo Addor, é fortalecer as relações com a sociedade, aproximando trabalhadores, movimentos sociais, povos originários, periferias, entre outros.

“A tecnologia não é só desenvolvida por engenheiros, mas também por profissionais de diversas áreas”, ressaltou o professor do Nides, enfatizando o caráter interdisciplinar do núcleo.

Recentemente transformado em instituto, o Nides realiza uma série de projetos de tecnologia social com grande inserção na comunidade, como iniciativas de saneamento básico em Macaé, plataforma de venda de produtos agroecológicos, assessoria a coperativas de trabalhadores, sistemas de irrigação para agricultura familiar, entre outros.

Kahn, por sua vez, ressaltou o pioneirismo da Coppe em articular sociedade e Academia na busca de soluções inovadoras em variadas questões. “Novos produtos, processos, práticas e tecnologias não surgem abruptamente. Temos uma série de avanços incrementais, novas concepções e um esforço conjunto”, explicou.

A Escola Politécnica, uma das primeiras e mais tradicionais instituições de ensino superior do país, completa 228 anos. Morgado relembrou os alunos ilustres da Poli, como André Rebouças, Carmen Portinho, Lobo Carneiro e Lima Barreto. “A Universidade é uma matriz de formação de profissionais muito importante, então precisa ser inclusiva e preservar esse capital intelectual e a saúde de nossos alunos e funcionários neste período. É importantíssimo mantermos vivo esse patrimônio educacional, científico e tecnológico, pronto para servir à sociedade brasileira nos próximos anos, que serão duros para a reconstrução do país.”

Ciência em saúde

Luiz Eurico Nasciutti, decano do CCS; Adalberto Vieyra, do Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio); Claudia Figueireido, da Faculdade de Farmácia; Jerson Lima, do Instituto de Bioquímica Médica (IbqM) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj); e Leda Castilho, da Coppe, compuseram o debate que retratou o cenário da saúde no país e na UFRJ.

Captura de tela do debate sobre saúde. A tela é dividida em seis partes, exibindo os cinco participantes e a intérprete de Libras.
Mesa “Ciência e saúde: rumo aos 300 anos”

O CCS reúne cursos divididos em 26 unidades, além de toda a rede assistencial de saúde ligada ao Complexo Hospitalar da UFRJ. “A missão do CCS é cuidar da saúde da população e da vida de um modo geral, atuando na formação de profissionais de excelência, formando cientistas. Embora vivamos uma epidemia que se propaga com enorme rapidez por todo o país, estamos em plena atividade com um papel muito relevante no enfrentamento da COVID-19”, declarou Nasciutti, lembrando que, além do centenário da UFRJ, o centro completou 50 anos em 2019; e a Faculdade de Medicina, 211 anos.

As bases para a fundação do CCS e para a evolução da área da saúde na UFRJ foram, lembrou Vieyra, traçadas por Carlos Chagas Filho, que, em uma conferência em 1938, proclamou a necessidade de se criar uma instituição integrada em que se ensinasse, pesquisasse e atendesse a população. “Ele, coerente com essa proposta, foi ajudando a criar espaços dessa monumental catedral que hoje é o CCS. Começou a delinear institutos para a Universidade, criando o Instituto de Biofísica e o Instituto de Psiquiatria.”

Lima também citou Carlos Chagas Filho, enfatizando que a pesquisa tem o seu lado estético, com o valor dirigido pela curiosidade, mas que, em alguns momentos, é necessário direcioná-la para a solução de graves problemas atuais, como no caso do coronavírus.

“É com essa motivação que nos reunimos: a beleza de se fazer a pesquisa, mas também dirigi-la para ter um resultado que possa ser transferido para a sociedade o mais rápido possível.”

Nesse centenário, o principal desafio é reafirmar o compromisso de fortalecer o Complexo Hospitalar, tanto com as unidades que estão presentes dentro da Cidade Universitária quanto com as que estão espalhadas pela cidade do Rio de Janeiro, permitindo um acesso mais amplo da população. “Começamos essa nova etapa com os ensinamentos de três unidades. A Faculdade de Odontologia nos ensina que a boca é feita para sorrir; o Instituto de Doenças do Tórax, que os pulmões são feitos para suspirar; e o Instituto do Coração, que o coração é feito para amar. Com essa atitude que iniciamos essa caminhada”, poetizou o professor do Cenabio.