Categorias
Opinião

Evolução e melhorias aos terceirizados nos 100 anos da UFRJ

Um dos desafios da comunidade universitária é reconhecer categoria e lutar junto por melhores condições de trabalho, analisa Luciana Calixto

O Setor de Comunicação da Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (Secom/CFCH) da UFRJ vem publicando uma série de artigos de opinião – escritos por docentes, técnicos administrativos, discentes e trabalhadores terceirizados – sobre o centenário da Universidade. Os textos apresentam as visões, experiências e saberes de quem contribui para que a UFRJ mantenha a sua excelência, produza conhecimento plural, diverso e democrático, apesar de todos os desafios impostos. Para acessar o material completo, clique aqui.

Meu nome é Luciana Calixto, tenho 45 anos. Quando criança, fui moradora na comunidade da Maré. Regressei à faculdade e hoje estou cursando o oitavo período de Pedagogia. Sou trabalhadora terceirizada no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2015, entrei para a Associação dos Trabalhadores Terceirizados da Universidade (Attufrj) na expectativa de colaborar para melhorias em nossas condições de trabalho.

Esses 100 anos de existência da UFRJ nos trazem alegria e muita reflexão do papel dos terceirizados no contexto passado, presente e futuro, já que almejamos evolução para a nossa classe trabalhadora dentro da Universidade.

É lamentável que uma instituição reconhecida mundialmente pela sua excelência em graduação e por suas pesquisas venha, no decorrer desses 100 anos, sendo atropelada por uma conjuntura que só visa tirar direito dos trabalhadores e aos cortes de verbas para o seu funcionamento.

Na nossa sociedade, existem as desigualdades de classes sociais, educacionais e culturais. Essa problemática, inserida em nosso contexto de trabalho, faz com que nos tornemos invisíveis, sejamos colocados à margem e desprovidos de direitos. Temos salários que não suprem as nossas necessidades, carga horária diferenciada, locais proibidos de entrar, ainda que sejam de livre acesso a todos. Somos vistos com um olhar diferente e inferior pelos demais trabalhadores da Universidade, mesmo exercendo serviços essenciais para o seu funcionamento.

Desde que fundamos a Attufrj, em 2015, tivemos muitas conquistas, como a possibilidade de almoçar no bandejão quando as empresas não pagam o vale-alimentação; o pagamento das rescisões quando a empresa se retira; reuniões quinzenais com a PR-6 para acompanhamento do bom funcionamento da empresa e impedir os assédios. Enfim, essas ações nos deixaram mais confiantes de que a UFRJ tem se mobilizado para respeitar e respaldar seus trabalhadores terceirizados.

Acreditamos que a educação transforma os indivíduos e que a Universidade cumpre bem esse papel. Por isso, desejo que possamos comemorar mais 100 anos de UFRJ com os trabalhadores terceirizados livres das desigualdades, dos preconceitos, do racismo e dos assédios, infelizmente, ainda tão comuns, crescentes e vergonhosos, para que possamos vislumbrar uma luz no fim do túnel e uma sociedade mais justa.

A autora do texto durante apresentação de trabalho acadêmico | Foto: Acervo Pessoal

*Luciana Calixto é trabalhadora terceirizada da UFRJ e foi personagem da série de entrevistas Intelecta, produzida pela Coordenadoria de Comunicação Social (Coordcom) em março de 2018.