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Laboratório da UFRJ desenvolve sistema de alerta contra as queimadas

Batizado de Alarmes, o sistema é o primeiro desse tipo no Brasil e permite estimar a extensão da área queimada agilmente.

O Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) do Instituto de Geociências (Igeo/UFRJ) desenvolve um sistema de alerta que agiliza as informações sobre áreas devastadas pelas chamas. Preocupada com as queimadas no Pantanal, por exemplo, a equipe do laboratório publicou uma nota técnica no início deste mês que pode ajudar no combate aos incêndios na região pantaneira. Embora os resultados ainda sejam preliminares, com o protótipo foi possível estimar a área queimada dos últimos dois meses na região, que chegou a aproximadamente 730 mil hectares, correspondente a 17% da área do estado do Rio de Janeiro ou quase toda a região metropolitana, que engloba 20 municípios.

O sistema de alerta, batizado de Alarmes (Alerta de Área Queimada com Monitoramento Estimado por Satélite), permite estimar em tempo bem próximo do real a área queimada. Implementado inicialmente em Portugal, é o primeiro desse tipo no Brasil.  Já foi testado em diversas vegetações espalhadas pelo mundo:  Oceania, América do Norte e África, além do Cerrado brasileiro. “Esse algoritmo agora está sendo implementado no Brasil, monitorando a região que inclui todo o Cerrado, e agora estamos fazendo os testes no Pantanal. A nossa ideia é passar de um sistema baseado nos focos de incêndio para um outro que alerta sobre a extensão de área queimada”, informou a professora Renata Libonati dos Santos, coordenadora do Lasa/UFRJ.

De acordo com a professora, o monitoramento das queimadas por satélite concentra-se em quatro sinais: detectar focos de calor, emissões de fumaça, cicatrizes da vegetação devastada e acúmulo de carvão na superfície (área queimada). O objetivo do sistema desenvolvido pelo Igeo é encurtar o tempo de obtenção de dados de áreas queimadas, uma vez que o tempo para se ter em mãos, de forma operacional, todos esses dados é muito longo, variando de dois a três meses. “As equipes do Ibama estavam ávidas por uma ferramenta como essa, que eles já estão adotando no Pantanal e querem a utilizar com mais frequência”, informou Renata Libonati.

Produzidos diariamente de forma automática, com resolução espacial de 500 metros e utilizando imagens do sensor Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), focos de calor do mesmo sensor e técnicas de aprendizado profundo (deep learning), os mapas de área queimada ajudam nas avaliações rápidas para a tomada de decisões, como deslocar equipes e aeronaves e empregar recursos para a contenção dos incêndios. Os interessados podem visualizar aqui a nota técnica.

Para a professora do Igeo, o sistema traz um benefício enorme à sociedade, que passa a dar uma dimensão real para as catástrofes provocadas pelo fogo, permitindo não só agilizar as iniciativas de contenção, mas também acelerar o processo de punição dos responsáveis, com aplicação de multas. “As pessoas perdem a noção da devastação quando apenas são informados os focos de calor. Dimensionando a área queimada, é muito mais fácil para a sociedade compreender o que está sendo consumido pelo fogo, dando valor ao que está sendo perdido. É qualificar a informação, é divulgar o quanto queimou, não apenas onde”, enfatizou.

O Lasa atua em conjunto com o Instituto Dom Luiz, da Universidade de Lisboa, e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. O sistema desenvolvido está no âmbito do projeto Andurá, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para preencher as lacunas existentes nos estudos regionais realizados em áreas de proteção por meio do uso de ferramentas de sensoriamento remoto.