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Saúde

Conhecer para combater

Palestras e debates sobre a doença são destaque no Festival do Conhecimento

O Festival do Conhecimento da UFRJ teve sua primeira edição entre os dias 14 e 24/7. Em pleno avanço da COVID-19, o evento de extensão foi permeado por mesas que abordaram o tema como questão central da nossa época. Discussões sobre infectologia, saúde mental, comunicação, arquitetura, artes, economia, entre outras, mostraram que a pandemia não é apenas uma questão de saúde.

No primeiro dia de evento, quatro das oito palestras principais falaram sobre a crise gerada pelo novo coronavírus e as várias facetas do seu aspecto multissetorial. Para Roberto Medronho, professor da UFRJ e coordenador do Grupo de Trabalho (GT)Multissetorial para Enfrentamento da COVID-19 da UFRJ, as universidades e os institutos de pesquisa são fundamentais no estudo e acompanhamento da pandemia. “Nunca foi tão claro o papel da ciência no benefício da saúde da população”, enfatizou Medronho, que mediou a mesa “Lições do vírus: as universidades na linha de frente”, na qual cientistas apresentaram pesquisas realizadas em outras instituições públicas.

Muitas palestras, cursos e oficinas mostraram as ações que a Universidade vem desenvolvendo para auxiliar a comunidade universitária e toda a sociedade no combate ao novo coronavírus. Entre os principais destaques, estão a coleta, triagem e testagem dos envolvidos no enfrentamento, como profissionais de saúde e muitos professores, técnicos e alunos que estejam lidando no dia a dia com a doença. Amilcar Tanuri, professor da UFRJ e membro do GT, disse, durante a palestra “UFRJ na linha de frente no combate à COVID-19”, que apenas com os testes é possível traçar o cenário da pandemia e traçar as formas corretas de se lidar com ela.

“Mais de 15 mil pessoas passaram pela testagem, tiveram seus diagnósticos e a condição de se precaver e se cuidar. Não podemos esquecer que todo o trabalho é muito importante, mas que o maior legado que essa crise nos deixará é poder conectar, no futuro, as diversas áreas da Universidade de maneira mais forte”, afirmou Tanuri.

Sociedade e a pandemia

Com a pluralidade disponível na Universidade, foi possível dialogar, durante o Festival, com os mais diversos aspectos da crise que se instaurou desde o início do ano. Durante a mesa “Educação na Pós-Pandemia”, a pró-reitora de Extensão, Ivana Bentes, e a professora da Faculdade de Educação Giovana Xavier dividiram a tela com os ex-ministros da Educação Fernando Haddad e Renato Janine Ribeiro.

Professor de Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), Janine Ribeiro falou sobre a instabilidade e a extensão dos danos causados pelo novo coronavírus na sociedade. Segundo ele, a COVID-19 é a situação mais crítica e assustadora desde a Segunda Guerra Mundial. “Uma paralisia tão grande que até podemos dizer que, embora a Segunda Guerra tenha sido uma guerra, com dezenas de milhões de pessoas mortas, houve regiões do mundo que não foram diretamente afetadas. Dessa vez, praticamente o mundo inteiro está sendo afetado, excetuando-se alguns locais muito pequenos que conseguiram fechar. O número de mortes ainda é assustador.”

Saúde mental, cultura e arte

Um aspecto importante que entrou em pauta em 2020 foi a saúde mental diante do isolamento social e do medo da morte. A mesa “Saúde mental em época de COVID-19” abordou como a quarentena impactou de maneira extrema na ansiedade, estresse e depressão de pacientes que já tratavam esses distúrbios, mas também no surgimento de novos casos. Bruna Velasquez, professora do Instituto de Psiquiatria (Ipub), ressaltou que alguns grandes grupos foram mais atingidos na saúde mental: os profissionais de saúde, as mulheres mães, os idosos e, também, os profissionais que se viram diretamente impactados com a perda de renda e de condições de trabalho, como os atletas.

“Precisamos utilizar maneiras para diminuir essa perda de convívio social por meio da tecnologia. Existem hoje disponíveis diversos serviços de escuta, que não são atendimentos psicológicos, mas ajudam a pessoa a ter um contato social”, explicou Velasquez.

A arte e a cultura também são maneiras de se distrair e fazer com que o período em casa seja menos exaustivo. Para isso, o Festival contou com diversas apresentações culturais e artísticas, como de Elza Soares, BNegão, Chico César, Majur, entre outros.

Todo o conteúdo oferecido no Festival do Conhecimento – inclusive as palestras que tratam da COVID-19 e as apresentações – pode ser acessado de maneira gratuita no canal do YouTube da Pró-Reitoria de Extensão.