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Consuni se reúne remotamente pela primeira vez na história

A pauta foi única: combate ao coronavírus pela UFRJ

Pela primeira vez na história da UFRJ, o Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da instituição, se reuniu remotamente. Realizada na última quinta-feira (14/5) pela plataforma Webex, a sessão ordinária teve o objetivo de apresentar ações e perspectivas no enfrentamento da COVID-19 no contexto da maior universidade federal do país. O Conselho de Extensão Universitária (CEU) já havia se reunido online, no dia 23/3, para pensar iniciativas para a comunidade externa face à pandemia.

Com mais de cinco mil visualizações e picos de 650 acessos simultâneos no canal da webTV UFRJ no Youtube, a reunião contou com a presença de 55 conselheiros e durou pouco mais de quatro horas, sendo a transmissão com maior audiência até hoje no canal da UFRJ.

A reitora, Denise Carvalho, pontuou o lugar de destaque da Universidade. “A UFRJ, neste tempo, tem mostrado para toda a sociedade brasileira não só o seu valor, mas o valor das instituições públicas. Nós, que estamos na Administração Central, nos sentimos com uma responsabilidade enorme de implantar pautas positivas em meio a muitos ataques”, afirmou.

Carvalho reiterou o posicionamento da Reitoria acerca da educação a distância (EaD), quando publicou nota em 22/3. “Nenhuma atividade presencial pode ser substituída por ambiente remoto. E ensino remoto não é sinônimo de ensino a distância”, declarou, em referência à participação de mais de 20 anos da UFRJ na EaD junto ao Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cederj).

A reitora esclareceu, ainda, pontos da Portaria nº 3.188, da UFRJ, que normatiza o trabalho remoto e ampara os servidores quanto ao registro de frequência na garantia de direitos. Luzia Araújo, pró-reitora de Pessoal (PR-4), destacou que esse amparo se exemplifica na disponibilização de dormitórios para profissionais de saúde da instituição no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), além da criação de linhas de ônibus especiais para trabalhadores dos hospitais da UFRJ, em parceria com o prefeito universitário, Marcos Maldonado.

O calendário acadêmico também teve pontos explicados por Carvalho. “A Reitoria tem o compromisso de que nada será decidido com relação ao calendário se não houver a discussão adequada e a aprovação nos colegiados superiores. Trata-se de uma Reitoria democrática. Nada acontecerá sem aprovação no Conselho de Ensino de Graduação (CEG), no Conselho de Ensino para Graduados (Cepg) e, depois, no Conselho Universitário […], todas instâncias com representação estudantil”, frisou a reitora, que, sensibilizada, prestou, junto aos conselheiros, um minuto de silêncio em respeito às vítimas da COVID-19.

Finanças da UFRJ

Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3), destacou que o esforço da pasta está em quitar contratos que envolvam, prioritariamente, mão de obra, como limpeza e segurança, até para não gerar desempregos. Segundo Raupp, a UFRJ recebeu do Ministério da Educação (MEC) R$ 64 milhões como recurso extraordinário para combate à pandemia. O valor está sendo dedicado à compra de insumos, de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e realização de investimentos, para que não haja desabastecimento nas nove unidades de saúde do Complexo Hospitalar da UFRJ. O pró-reitor sinalizou, ainda, que cerca de 70% do orçamento da Universidade para 2020 estão assegurados, mas que a rubrica de folha de pagamento, por exemplo, só tem 49% do valor alocado na Lei Orçamentária Anual (LOA), enquanto os 51% restantes dependem de créditos suplementares via Câmara de Deputados.

“Três inimigos” e “uma arma”

Francisco Esteves, representante dos professores titulares do Centro de Ciências da Saúde (CCS), defendeu que é preciso união no que chamou de novo mundo. “Nesse novo mundo, vamos precisar abandonar práticas antigas e adotar práticas tão desconsideradas no passado, como fraternidade, respeito mútuo, cooperação e, para nós da UFRJ, que amamos essa Universidade, união”, disse. “Sabemos que temos pelo menos três inimigos cruciais no momento: o vírus, Brasília e uma crise econômica que se aproxima, no novo mundo, sem precedentes como todo cenário aponta”, complementou. “Qual é a única arma que resta à UFRJ? É nossa união”, concluiu Esteves, exemplificando que a Universidade começou suas estratégias de combate à pandemia realizando 30 testes diários do novo coronavírus e que, agora, após soma de esforços, o número saltou para 200.

UFRJ tem dado exemplo para o país

Júlia Vilhena, representante do corpo discente, pontuou o protagonismo das instituições de ensino superior. “A UFRJ e as universidades têm cumprido papel fundamental de enfrentamento da COVID-19”, disse. “Temos demonstrado que só as universidades conseguem dar respostas às demandas da sociedade e são capazes, de fato, de ajudar nossa população no momento de crise. Nesse sentido, a UFRJ, com a ampliação dos seus leitos e com uma série de outras movimentações, a exemplo da produção de álcool 70%, tem dado um exemplo muito grande para o nosso país”, afirmou Vilhena, que pontuou também a suspensão das aulas por período indeterminado como uma decisão acertada da Reitoria.

Roberto Medronho, professor titular da Faculdade de Medicina (FM) e coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da COVID-19, explanou algumas das principais iniciativas lideradas pela força-tarefa da UFRJ no combate ao coronavírus. “Estou há 43 anos na UFRJ e nunca vi tamanha articulação, tamanha solidariedade no enfrentamento da COVID-19. É uma coisa que me emociona. Eu tenho conhecido alguns colegas professores e funcionários espetaculares que jamais conheceria em outra situação. Então, a nossa UFRJ está dando, realmente, uma bela lição a toda a sociedade”, disse Medronho. O GT tem se reunido diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados, para discutir pesquisas e iniciativas que possam ser aplicadas.

Um dos serviços à sociedade é o site www.coronavirus.ufrj.br, que em menos de um mês alcançou 100 mil acessos. A UFRJ foi a primeira universidade no país a desenvolver um site do gênero. A plataforma traz notícias, orientações de prevenção, perguntas frequentes, materiais informativos (inclusive para profissionais de saúde), glossário, áudios, vídeos, repositório de pesquisas internacionais, além de distinguir o que é verdade ou mentira em meio à proliferação de informações de origem duvidosa.

Graduação

Gisele Pires, pró-reitora de Graduação (PR-1), destacou que o CEG organizou um grupo de trabalho que se reúne semanalmente para estudos e projeções das possibilidades de ação nos 176 cursos de graduação. Além de reuniões formais semanalmente, a equipe discute ideias todos os dias, de acordo com Pires, inclusive aos sábados e domingos.

Atualmente, o grupo mapeia a realidade das unidades, por meio das decanias e direções de graduação, e analisa como seria a volta às aulas num possível cenário futuro. Todas as categorias (alunos, professores e técnicos-administrativos) têm representação no grupo de trabalho, sendo possível encaminhar, de forma organizada, suas demandas específicas.

Pós-Graduação

Denise Freire, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2), ressaltou a manifestação de repúdio à iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em concentrar bolsas para cursos com conceitos seis e sete, em detrimento dos cursos três e quatro, além da segregação das Ciências Humanas.

Freire frisou, ainda, que fez pedido à Capes para concessão de bolsas para pesquisas voltadas para a COVID-19. “O pedido da PR-2 foi atendido quase que em sua totalidade, contemplando com um total de 24 bolsas, sendo 13 de mestrado e 11 de doutorado, que beneficiarão 10 programas de pós-graduação”, afirmou. A pró-reitora destacou também que, no âmbito do Cepg, foi formado um grupo de trabalho emergencial para discussão de pontos críticos na pós-graduação e pesquisa, como, por exemplo, a defesa de dissertações e teses.

Extensão

Ivana Bentes, pró-reitora de Extensão (PR-5), elogiou a Universidade. “Vivemos um momento em que a UFRJ estaria – estaria não, está – celebrando seus 100 anos, mas que suspendeu todas as ações presenciais. A nossa maior celebração é essa de incidência num assunto tão importante, pautando a mídia, a prefeitura, com os valores que sempre defendemos”, disse.

Bentes enumerou alguns projetos de extensão e difusão virtual no período da pandemia em diversas áreas, como esporte, gastronomia, química, nutrição e farmácia. Segundo a pró-reitora, a UFRJ ingressou em uma rede de extensão de universidades latinas e ibero-americanas para discussão de ações em meio à pandemia.

Sessão extraordinária

“Definitivamente, a UFRJ está longe de estar parada”, conclui Carvalho. Uma sessão extraordinária do Consuni foi convocada para a próxima quarta-feira (20/5), com transmissão ao vivo pela webTV UFRJ.