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Para onde vai a democracia brasileira depois do impeachment?

Os democratas de todas as orientações ideológicas devem estar muito preocupados com as medidas de exceção que vêm sendo adotadas no Brasil em nome do combate à corrupção.

É o que afirma o cientista político Luis Fernandes, professor adjunto da Faculdade de Direito (FD) da UFRJ, em entrevista ao Conexão UFRJ.

Ele considera que, após o afastamento da presidenta Dilma Rousseff da presidência da República, há sinais de que o Brasil enfrenta o risco de ingressar em um período autoritário prolongado.

Diante do quadro de crescente polarização política, ele não descarta que o governo central decrete até mesmo o estado de defesa, previsto no artigo 136 da Constituição.

“Isso representaria uma ruptura permanente da ordem democrática. Não chegamos ainda nesse ponto, mas a ameaça existe”, sustenta Fenandes.

Postura messiânica é perigosa

Já Carlos Fico, professor titular de História do Brasil do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) da UFRJ, considera que ainda não houve – especialmente na Operação Lava Jato – providências de caráter excepcional tal como ocorria no regime militar.

“Existem sim algumas iniciativas de defesa de medidas excepcionais para combater algo considerado excepcional, que seria o atual estágio de corrupção no Brasil. Porém, a corrupção é histórica e ocorreu inclusive durante a ditadura militar”, salienta.

Segundo Fico, o que mais o assusta na Lava Jato não é o necessário combate à corrupção, mas a postura messiânica e de “salvadores da pátria” adotada pelos membros da Lava Jato.

“Essa atitude é perigosa e não é democrática. O que se espera dos funcionários do Estado ligados à Justiça é que sejam circunspectos e não ajam como celebridades”, critica.

Luis Fernandes e Carlos Fico também comentaram o recente processo de impeachment e o papel da universidade pública na produção de conhecimento para compreender e apontar saídas neste momento de instabilidade política e social por que passa o Brasil.

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