Levando conhecimento científico para além da universidade, o projeto Fuzuê da Dengue conscientiza e mobiliza a população sobre a necessidade de erradicação do Aedes aegypti e as principais doenças por ele transmitidas, como dengue, zika e chikungunya.
Segundo o professor Maulori Cabral, coordenador do projeto, o principal objetivo é erradicar o mosquito. “Afinal, o que é melhor para a população: viver sem o Aedes aegypti ou conviver com o perigo da dengue, chikungunya e zika?”, questiona.
A iniciativa está integrada ao projeto “Divulgação das bases microbiológicas e virológicas para a cidadania”, também coordenado por Cabral, e consiste em visitas a espaços como creches, escolas públicas, comunidades, associações religiosas, espaços de ciência, além de encontros promovidos por secretarias de estado de Educação e Saúde.
Com mais de dez anos de existência e apropriadamente nomeado de “Fuzuê”, o evento movimenta os lugares por onde passa. Desde janeiro deste ano, a equipe visitou 25 locais, somando 60 horas de atividades e cerca de mil pessoas atendidas. Flexível, o projeto tem suas atividades pré-definidas em conjunto com a comunidade atendida, levando em conta local, faixa etária dos participantes e duração da visita.
Segundo Maulori, o primeiro passo para a erradicação do mosquito é a motivação. “O mais importante é mobilizarmos as comunidades por onde o projeto passa”, aponta.
Visita à escola em Itaipu
No dia 27 de julho, o Fuzuê da Dengue foi até a escola Professor Dario de Souza Castelo, no bairro de Itaipu, em Niterói. Comandada pelos professores Cabral e Maria Isabel Liberto, a equipe atualmente conta com dez bolsistas das graduações de diferentes cursos do Centro de Ciência da Saúde (CCS), como Microbiologia, Biologia, Biotecnologia e Enfermagem.
Pela manhã, cerca de 30 professores assistiram à palestra “Dengue: mitos e verdades”, apresentada pelo professor Maulori. “A ideia da atividade é tornar professores e educadores os multiplicadores da erradicação do mosquito”, ressaltou. Tratando das principais arboviroses, sintomas e medidas preventivas, Cabral alertou para a importância de combater o problema na raiz, isto é, o ovo do mosquito, segundo ele.
Ainda com os professores, a equipe realizou a oficina de construção da principal ferramenta de erradicação do Aedes aegypti: a mosquitoeira genérica. Popularmente conhecida como “mosquitérica”, a armadilha é simples de ser feita, já que utiliza materiais descartáveis e de baixo custo, como garrafas PET, fita isolante, tecido microtule e água. Na parte da tarde, cerca de 120 crianças, entre 5 e 12 anos, puderam aprender sobre o Aedes aegypti e as principais doenças transmitidas pelo mosquito. Utilizando músicas, jogos, teatro de fantoches e abordagens lúdicas, a equipe interage e desperta nelas o interesse pelo tema
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“É muito necessário que os licenciandos tenham essa vivência do espaço escolar para saberem o que é e o que fazer para melhorar sempre a escola pública”, alertou Florence Vianna, coordenadora pedagógica da escola, professora da UFRJ e coordenadora da Extensão do CCS. Uma das responsáveis pela visita, Florence ressaltou ainda a importância das atividades de extensão da UFRJ em espaços educativos.
“A ideia é entender como esses estudantes podem estar contribuindo com a universidade, não no sentido de superioridade, em que a universidade sabe mais que a escola, mas no sentido de uma parceria, de um trabalho isonômico e igualitário, onde todos têm o mesmo intuito, que é educar”, completou. Viviane Moraes, diretora da escola, chamou atenção para a metodologia e a importância da visita. “De fato, eu entendo que isso é aprendizado. Não é só você passar uma gama de conteúdos. A escola tem que propiciar essas experiências”, observou.
Segundo ela, o projeto preenche as lacunas da formação do professor, que passa a funcionar como multiplicador, trazendo coisas novas. “Não conhecíamos a mosquitérica, por exemplo. Agora já podemos reproduzir na turma. Assim, os alunos vão poder levar para suas casas e multiplicar as ações”, concluiu.