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UFRJ sedia o I Seminário Estadual de Fortalecimento da Cadeia Produtiva das Embarcações de Pesca e Fomento à Construção Naval Artesanal

Evento será entre os dias 3 e 5/7

Acontece entre 3 e 5/7 o I Seminário Estadual de Fortalecimento da Cadeia Produtiva das Embarcações de Pesca e Fomento à Construção Naval Artesanal. Organizado pelo projeto Estaleiro Escola, o evento tem como objetivo fomentar a construção artesanal de embarcações de pesca. É também o momento de encerramento do curso Estaleiro Escola da Baía de Guanabara, que marca a formatura de 26 alunos pescadores. Pescadores e pescadoras artesanais, pesquisadores e apaixonados pela Baía de Guanabara foram convidados para participar do encontro, com atividades na Cidade Universitária, Rio de Janeiro.

O primeiro dia do seminário, no Auditório Horta Barbosa, no Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), contou com mesa de abertura que teve como mestre de cerimônias o professor Felipe Addor, diretor-geral do Núcleo Interdisciplinar de Desenvolvimento Social (Nides), além de convidados como Roberto Medronho, reitor da Universidade; Walter Suemitsu, decano do CT; Luan Guimarães, representante da Associação de Pescadores Livres de Tubiacanga (Apelt); Maurício Oliveira, coordenador pedagógico do Estaleiro Escola; e Sérgio Ricardo, do Movimento Baía Viva.

Maurício Oliveira destacou a desigualdade de gênero no ramo da prática de construções de embarcações: “A atividade ainda é muito masculina, mas a gente percebe que está fazendo uma transformação dessa história. Isso dá para se ver na plateia e nas alunas que a gente tem no curso”. Ele também se disse emocionado em conseguir manter a tradição da atividade e ao mesmo tempo   pensar junto com os parceiros do projeto sobre a modernização da frota barqueira.

“Esse seminário tem a pretensão de iniciar essa discussão e pensarmos juntos: como é que a gente vai conservar e preservar as embarcações pesqueiras sem as entender como o Museu Vivo? Como é que a gente vai formar as pessoas que vão construir as embarcações de pesca com segurança para que transmitam o conhecimento histórico acumulado e consigam pensar a transformação dessa realidade de forma a manter aos pescadores uma condição de pesca saudável, segura e com qualidade de vida?”, indagou Oliveira durante a mesa de debates.

Já Sérgio Ricardo refletiu sobre a necessidade de políticas públicas na área:  “Nós não podemos naturalizar milhões de pessoas morando aqui em volta e o pescador muitas vezes pescando nos ambientes mais degradados do Rio”. Segundo ele, as políticas públicas precisam ter a visão da sociedade como participante, e não apenas como beneficiária.

Roberto Medronho destacou a mudança na sociedade trazida pelas políticas públicas. O reitor observou que, graças a ações afirmativas para acesso à graduação nas universidades federais, o perfil dos estudantes da Universidade tem mudado. Para ele, essa transformação reflete em toda a sociedade. Especificamente sobre a Faculdade de Medicina, Medronho afirmou: “Um aluno que se forma em medicina muda a vida dele, da família dele e da comunidade dele. Então, esse é um compromisso que a gente tem antes, acima de tudo formar cidadãos. Esse é o nosso objetivo principal: transformar a nossa realidade. A principal missão é formar o cidadão que retorne para a sociedade aquilo que ela investir em si”. O reitor da UFRJ encerrou sua fala destacando a importância das atividades de extensão: “Atividades de extensão como esta são absolutamente fundamentais para que a gente contribua para a mudança social e econômica da população mais rápido, porque é para ela que nós existimos”.

O evento abriga ainda a Feira de Economia do Mar, que conta com a presença de empreendedores sociais, unindo a ciência e a prática artesanal milenar da pesca. A programação para os dias 4 e 5/7 prevê apresentações de projetos em educação ambiental, rodas de conversa, entre outras atividades, e pode ser conferida aqui

O Projeto Estaleiro Escola

 O Estaleiro escola é um curso de extensão fruto de parceria firmada entre a Apelt, o Movimento Baía Viva e o Nides. Tem ainda o apoio da Reitoria da Universidade.  É parte do projeto Educação Ambiental, junto com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), no âmbito do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC Frade) celebrado entre o Ministério Público Federal (MPFRJ) e a empresa Prio (Chevron Brasil), com a participação da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Objetiva recuperar a carpintaria naval nas comunidades de pesca dos municípios no entorno da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara. Ministrado por professores da UFRJ e mestres carpinteiros, o projeto é voltado prioritariamente para pescadores, catadores de caranguejos, maricultores e construtores navais artesanais de sete municípios do Estado: Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Niterói, Rio de Janeiro e São Gonçalo.