Nesta quinta-feira, 30/10, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vota a implementação da política de cotas para pessoas trans na graduação. A pauta inclusiva, que será apreciada na próxima sessão extraordinária do Consuni, propõe que 2% das vagas sejam reservadas para esse grupo social. Em caso de aprovação da portaria, o acesso via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) entra em vigor ainda este ano e os primeiros candidatos selecionados ingressam na instituição em 2026.
Desde outubro de 2024, a Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada) da UFRJ tem impulsionado, de maneira contínua e coletiva, a construção de uma política institucional de cotas para a referida população. O esforço conjunto visa à reparação histórica e à promoção do acesso à educação superior dessa comunidade. Denise Góes, superintendente à frente da Sgaada, frisa que a atual gestão tem sido uma forte aliada das políticas públicas de inclusão e, dada a relevância do tema, enfatiza que o momento é de unidade nas ações e de celebração:
“A Administração Central da UFRJ, por meio da Diretoria de Gênero e Pertencimento (Digepe), sempre considerou essa pauta de extrema importância na democratização do ensino superior, ou seja, na promoção de uma Universidade para todas as pessoas, principalmente aquelas que foram empurradas para as margens da sociedade. No país que mais mata trans e onde o preconceito empurra para a prostituicão, é preciso que a Universidade assuma seu papel de excelência e partilhe seus conhecimentos para mudar drasticamente essas estatísticas. Também é fundamental a articulação com os movimentos internos e externos que aderem a essa pauta, ampliando os caminhos e a visibilidade. Celebramos coletivamente a vitória de levar para o Consuni essa portaria na expectativa de sua aprovação”.

Juntas pelo acesso inclusivo
Maria Fernanda Quintela, responsável pela Pró-Reitoria de Graduação (PR-1), contextualiza a relevância da iniciativa, além de explicar como se dá a parceria entre a Sgaada e a PR-1 no que se refere a tornar a UFRJ mais diversa:
“Atualmente, o ingresso das pessoas trans na Universidade ocorre por duas vias: pelas outras cotas já existentes ou pela ampla concorrência. Nesse sentido, a criação de vagas para cotistas trans é muito importante, pois amplia a possibilidade de entrada e a política inclusiva da UFRJ. A Sgaada tem por competência a implementação das cotas de um modo geral na Universidade. Também é responsável pela parte de inclusão, que envolve os diferentes tipos de cotistas. Já a PR-1 tem a competência em relação a todo o acesso à UFRJ. Como no acesso atendemos a lei de cotas, a Sgaada e a PR-1 têm uma relação muito forte na implementação da política de inclusão no acesso dos estudantes da graduação na UFRJ, trabalhamos muito em parceria”.

“Dia D”
O processo, que culmina com a votação no Consuni, incluiu uma série de ações promovidas pela Digepe, que privilegiaram a escuta ativa e a participação comunitária. Entre elas, estão os encontros de pessoas trans da UFRJ, estabelecendo um canal de comunicação direto entre a Administração Central e a comunidade trans; mesa de debates com personalidades e militantes da causa; e elaboração e encaminhamento formal à PR-1 da minuta inicial do edital da cota:
“A busca por uma solução que atendesse às demandas da comunidade trans da UFRJ foi retomada no segundo semestre de 2025, quando a PR-1, em conjunto com os coletivos de estudantes e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), convocou a Digepe para discutir uma minuta de portaria que propõe o atendimento da comunidade trans por meio de vagas para o primeiro semestre, utilizando o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Inicialmente prevista para 23/10, a pauta foi remarcada para 30/10, que se configura como o “Dia D” para a UFRJ na consolidação da política de cotas trans”, afirma o diretor da Digepe, Márcio Neves.

