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Festival do Conhecimento UFRJ 2025 reúne vozes indígenas, acadêmicas e sociais pela defesa da Amazônia

Evento promoveu debates, arte e ativismo pela preservação socioambiental

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou, nos dias 4 e 5/9, o Festival do Conhecimento UFRJ 2025. O evento, que aconteceu no Fórum de Ciência e Cultura (FCC), no Flamengo, teve como  tema “Re-Amazonizar o Brasil: Saberes Ancestrais e Tecnologias” e buscou debater os desafios da Amazônia e das mudanças climáticas globais, além de refletir sobre futuros possíveis para o planeta. Todo o festival contou com transmissão on-line.

“Sempre associamos o prefixo “re” a repetição, mas mesmo a repetição pode ser feita de outra forma, ao se refazer. Também podemos avançar para realçar a Amazônia e  rebuscar, com mais afinco, a Amazônia e suas grandes contribuições. Cuidar da Amazônia é cuidar do Brasil. Cuidar do Brasil é cuidar do planeta. Que a reamazonização nos inspire a plantar justiça, colher dignidade e compartilhar esperança. O futuro começa agora, e ele é verde”, disse o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, durante a abertura oficial do evento.   

Criado e organizado pela Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ (PR-5), o festival é um espaço de encontro entre universidade e sociedade e promove diálogos interdisciplinares sobre ciência, cultura, tecnologia e cidadania. Além da comunidade acadêmica da UFRJ, a edição deste ano reuniu lideranças indígenas, autoridades governamentais, pesquisadores, artistas, jornalistas e ativistas. 

Abertura oficial do evento, no Salão Nobre do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

“O festival articula temas da COP30, com a discussão acadêmica, pesquisa, formação e extensão. O prefixo “re” tem muito mais a ver com ser um ativador de futuro do que a volta a qualquer coisa porque, de fato, nunca fomos amazônidas. Escutamos muito que o Brasil precisa salvar a Amazônia. Pelo contrário: é a Amazônia que vai salvar o Brasil, no sentido de recolocar a questão ambiental dentro do projeto desenvolvimentista, dentro de uma discussão de sociedade e de regeneração”, destacou a pró-reitora de extensão da UFRJ, Ivana Bentes.

Assim como em 2024, o evento foi realizado no formato híbrido, combinando atividades presenciais e virtuais. Os participantes presentes no FCC puderam conhecer oficinas educativas, mesas especiais, instalações artísticas, apresentações culturais, exposições, demonstrações de produtos e tecnologias, além de uma feira gastronômica e de artesanato. Já quem participou virtualmente pôde acompanhar apresentações de painéis temáticos, em formato de live, apresentados por estudantes de graduação e pós-graduação, docentes e técnicos-administrativos da UFRJ.

O festival também foi marcado por apresentações culturais, exposições e demonstrações de produtos | Fotos: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

Durante o festival, a defesa dos territórios também foi discutida por pesquisadores e representantes dos povos indígenas. “Nossos direitos estão sendo constantemente ameaçados dentro do Congresso Nacional. O marco temporal e a devastação são as principais ameaças que hoje enfrentamos dentro do nosso território. Tratar do tema reamazonizar é também um ato de escuta. O Brasil e o mundo precisam parar para escutar os povos indígenas”, afirmou Ray Baniwa, comunicador e cofundador da Rede Wayuri, que reúne comunicadores indígenas da região do Rio Negro. Atualmente, ele cursa o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRJ, tendo se tornado o primeiro indígena a alcançar esse nível acadêmico.

Ray Baniwa e João Irineu Neto, durante o Festival do Conhecimento UFRJ 2025 | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

“Re-amazonizar o Brasil é lembrarmos o nosso compromisso ético-político como universidade, em todas as áreas do conhecimento. Nas filosofias, que levam a reflexão crítica sobre o modelo de sociedade. Nas ciências sociais, da saúde, nas artes, nós assumirmos o compromisso ético-político de que re-amazonizar é defender corajosamente, de maneira ética, crítica, política, artística, poética, com reverência, todos os biomas brasileiros”, lembrou o professor do Instituto de Psicologia da UFRJ e indígena Potiguara da Paraíba, João Irineu de França Neto. 

As mesas especiais do  Festival do Conhecimento 2025 reuniram ainda debates sobre os principais desafios do Brasil diante da COP30, a importância do letramento, da educação, do jornalismo e do ativismo ambiental, reflexões sobre as mudanças climáticas para além da Amazônia e seus impactos em escala nacional e global. Também exploraram visões de futuro para o planeta até 2050, articulando ciência, saberes ancestrais e filosofia, além de darem voz a defensores da terra e do meio ambiente, por meio de lutas indígenas, quilombolas e comunitárias pela preservação socioambiental.