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Observatório do Valongo completa 140 anos

Unidade acadêmica da UFRJ une ensino, pesquisa e extensão em Astronomia

O Observatório do Valongo, unidade acadêmica da UFRJ vinculada ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), comemorou, em julho deste ano, seu 140o aniversário. Criado por Manoel Pereira Reis em 5 de julho de 1881, é o segundo mais antigo observatório do Brasil em funcionamento. Denominado a princípio de Observatório Astronômico da Escola Politécnica, funcionava no topo do Morro de Santo Antônio, na área central do Rio de Janeiro. Na primeira metade do século XX, após uma reforma urbanista que acabou com alguns morros da cidade sob o pretexto de saneamento e melhorias, a maior parte do Morro de Santo Antônio é destruída e, com isso, o Observatório muda de lugar. Em 1924, é transferido para o Morro do Valongo, também na região central da cidade. Com a mudança, passa a se chamar Observatório do Morro do Valongo e, por fim, apenas Observatório do Valongo.

O Observatório do Valongo foi a primeira instituição a abrigar um curso de graduação de Astronomia no Brasil e a única a conceder diploma de bacharel em Astronomia durante 50 anos, até 2008, quando a Universidade de São Paulo (USP) abriu seu curso. Hoje, continua pioneira ao oferecer infratestrutura para o desenvolvimento das atividades acadêmicas do curso, juntamente com o Instituto de Física e o Instituto de Matemática da UFRJ. Um astrônomo é o profissional que realiza investigações sobre os astros e o universo, utiliza observações (telescópios terrestres e espaciais) e desenvolve modelos e técnicas sofisticadas de análise para obter ou explicar, por exemplo, a composição química, as propriedades físicas, os movimentos, as posições relativas e a evolução dos objetos celestes ou até mesmo do universo.

Para Hélio Rocha-Pinto, diretor do Observatório do Valongo,  “há um quê poético em uma universidade que dispõe de um equipamento no qual o universo é explorado. O Observatório é tanto uma escola para os alunos da Astronomia quanto um espaço de ciência para a população. Guardadas as devidas proporções, ele tem uma função similar à de um hospital ou museu universitário, com uma natureza dupla, que serve à graduação, à pós-graduação e à extensão. Outras universidades no Brasil têm planetários. São espaços parecidos, mas com alcance menor”.

Além da infraestrutura para o curso de graduação, o Observatório também oferece o Programa de Pós-graduação em Astronomia (ProAstro), contemplando cursos de mestrado e doutorado, além de projetos de extensão.

Canal aberto com a sociedade

As ações de extensão desenvolvidas pelo Observatório do Valongo iniciaram-se na década de 1960.  Por meio de cursos de fotografia astronômica e palestras de divulgação da Astronomia para escolas dos níveis fundamental e médio, o Observatório estreitava suas relações com a comunidade.

A extensão universitária é uma forma de partilha de conhecimentos, saberes e valores entre a universidade e a comunidade. Nesta parceria, não há hierarquização de conhecimento ­– o importante é que exista uma via de mão dupla entre as partes.

Ações de extensão universitária aproximam a sociedade dos estudos sobre os astros | Foto: Acervo Observatório do Valongo.

O Relógio Atômico foi uma dessas ações, que aconteceu na década de 1970 e ainda hoje é lembrada por muitos. O relógio fornecia a hora exata por ligação telefônica, em convênio com a Companhia Telefônica Brasileira. À época, o serviço tinha média diária de 30 mil consultas. Também tiveram grande apelo para o público as campanhas observacionais dos cometas Kohoutek, em 1973, e Halley, em 1986.

Atualmente, o Observatório desenvolve projetos e ações de extensão para a inclusão de pessoas com deficiência visual na visitação ao espaço, a exemplo da iniciativa Universo Acessível, coordenada pela professora Silvia Lorenz-Martins. Além da visita guiada ao acervo, as pessoas com deficiência visual também podem ter noções introdutórias sobre Astronomia por meio de palestras direcionadas e material tátil desenvolvido por estudantes.

O programa Observatório do Valongo de Portas Abertas é outra ação de extensão oferecida. Com coordenação do astrônomo Daniel Mello, o projeto, que teve início em março de 2015, busca inserir o Observatório do Valongo no circuito cultural da nova Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro, assim como aproximar o público leigo da Astronomia. O programa compreende a visita guiada diurna às dependências do Observatório e as sessões de observações noturnas dos astros. Todas as visitações estão temporariamente suspensas por conta da pandemia causada pela COVID-19.

“A Astronomia é uma disciplina que frequentemente parece muito distante da sociedade, até por conta de seus objetos de estudo. Mas é inevitável considerar que o planeta está cercado pelo espaço. A extensão em Astronomia leva ao público a possibilidade de aprender sobre o significado de viver em um pequeno planeta, ao redor de uma estrela modesta. Nesse sentido, nosso objetivo é justamente servir para que a população, em todos os níveis, aprenda sobre o que as pesquisas na área estão descobrindo”, conclui Rocha-Pinto.

Ao longo dos seus 140 anos, o Observatório do Valongo tem sido um local de referência no estudo da Astronomia e um importante apoio para estudantes, pesquisadores ou para qualquer pessoa que se interesse pelos astros e pelo universo. Para mais informações, acesse o site do OV .