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PACC sediou encontro sobre gênero e universidade

Professoras, pesquisadoras e artistas da comunidade acadêmica discutiram a produção feminina

O I Encontro Phodonas: Mulher e Universidade trouxe, nos dias 21 e 22/11, mulheres conceituadas em diversas áreas de atuação a fim de construir o debate sobre as estruturas acadêmicas, sua estreita relação com o machismo e as violências sofridas dentro desse ambiente. O evento foi organizado pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC). 

No dia 22, Fernanda Cruz, professora da Faculdade de Medicina e médica; Franciane Peters, professora e coordenadora do Programa de Engenharia Civil (Poli); Liv Sovik, professora da Escola de Comunicação (ECO) e pesquisadora; e Tatiana Roque, professora do Instituto de Matemática (IM), se reuniram para debater suas vivências enquanto mulheres nos espaços acadêmicos.

Heloísa Buarque de Hollanda, professora emérita e uma das organizadoras do evento, afirmou que ali funcionaria, anualmente,  um espaço de articulação dos saberes, de “pensar a universidade como lugar real para mulheres e de mapear os conteúdos produzidos que possuam o recorte feminista”. Ao explicar a grafia no nome “phodonas”, Buarque brincou: “podem ser mulheres sem Phd também; o Phd é uma projeção”.

Em seguida, Liv Sovik contou sobre suas vivências, muito marcadas pelo machismo em terras brasileiras enquanto mulher estrangeira. A professora pontuou, no entanto, que não se deixou abalar devido à influência materna ̶  uma das poucas feministas de sua época. Para a professora, o exemplo que teve em casa permitiu saber que poderia conquistar novos espaços e não desanimar diante das dificuldades.  

Peters, por sua vez, trouxe um contraponto: a necessidade e a possibilidade de homens que, usando seus privilégios dentro da estrutura patriarcal, ajudem a impulsionar e criar novas oportunidades para mulheres. Fernanda Cruz concordou com Peters, mas reforçou que situações mais contundentes de assédio moral e sexual ainda são muito presentes na universidade.

Tatiana Roque, por fim, criticou a forma como a definição de verdade aparece dentro da academia, que, por ter sido fundada por e para homens brancos, reitera posições tradicionais de poder, excluindo, assim, todos os grupos diferentes desse. Alertou, ainda, para as sutilezas que o machismo apresenta e louvou a nova pluralidade de feminismos, que expuseram, em grande parte, as tecnologias de manutenção usadas pelo opressor.