Arquitetos, arqueólogos, historiadores, engenheiros e fotógrafos trabalham na restauração do Palácio Universitário e revelam os detalhes da recuperação da Capela de São Pedro de Alcântara.

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Restauro de capela da UFRJ revela detalhes da construção original

Arquitetos, arqueólogos, historiadores, engenheiros e fotógrafos trabalham na restauração do Palácio Universitário e revelam os detalhes da recuperação da Capela de São Pedro de Alcântara.

Por Angélica Fontella e Vivianne Tufani

Uma equipe formada por cerca de 20 profissionais, entre arquitetos, arqueólogos, historiadores, engenheiros e fotógrafos, trabalha há pouco mais de um mês num dos projetos mais aguardados da UFRJ. Eles são responsáveis pela elaboração do projeto executivo que irá definir a restauração do Palácio Universitário e revelar os detalhes da recuperação da Capela de São Pedro de Alcântara, no Campus da Praia Vermelha, atingida por um incêndio, em março de 2011.
 
Os trabalhos tiveram início no dia 5 de abril e o momento atual é de mapeamento e checagem de plantas, entre outros procedimentos que ajudarão a redefinir o aspecto da capela. Para os futuros reparos na obra, a UFRJ recebeu da Casa da Moeda, no final do ano passado, a doação de 11 toneladas de madeira do tipo maçaranduba, a mesma usada na época da construção original. Utilizando matéria-prima do mesmo período histórico, a universidade procura manter-se fiel à composição do edifício.
 
Após o incidente, detalhes do edifício acabaram sendo revelados, como o sistema construtivo das portas, que revelou vigas com uma engenharia capaz de distribuir o peso das paredes sobre elas, detalhe até então desconhecido, pois as prospecções haviam sido apenas em camadas superficiais.
 
Em todo o espaço é possível encontrar janelas de prospecção para identificação das camadas das paredes, feitas numa etapa anterior, utilizadas para que se tenha ideia de como era a pintura antiga. O fogo acabou danificando as camadas pictóricas já conhecidas pelas prospecções anteriores, como imitações de mármore e pinturas artísticas, originais do edifício. São pinturas difíceis de serem refeitas, devido à perda de pigmento oriunda das altas temperaturas, mas o objetivo é recuperar o máximo da capela em seu estado anterior ao incêndio.


 
A capela, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi construída no meio do século XIX junto com a primeira etapa do atual Palácio Universitário, onde funcionou o Hospício Imperial, inaugurando o tratamento das doenças mentais na América Latina, depois Hospital dos Alienados e Hospício Pedro II, inaugurado em 1852.
 
“A execução do projeto está caminhando, já tivemos quatro reuniões com a presença da fiscal do IPHAN, da Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação da UFRJ, da Prefeitura do Campus da Praia Vermelha e do Diretor da Diprit, Divisão de Preservação de Imóveis Tombados do Escritório Técnico da UFRJ, que preside a Comissão de Fiscalização. O Palácio é muito grande e complexo”, disse Mauricio Marinho, arquiteto da Diprit, um dos responsáveis pela fiscalização dos trabalhos.
 
A divisão destaca que para realização de uma obra complexa como a restauração da Capela e do Palácio Universitário, que já estava em curso na época do incêndio, são necessários diversos projetos executivos, assim como a aprovação de cada um deles pelo Iphan, antes da efetiva licitação e contratação das obras.
 
Logo após o sinistro, a UFRJ contratou emergencialmente uma empresa especializada em restaurações para realização dos serviços de rescaldo e pesquisa arqueológica nos fragmentos do incêndio, a fim de recuperar e restaurar o que fosse possível e, paralelamente, conseguiu a aprovação de um projeto previamente inscrito no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), do Ministério da Cultura, visando à captação de recursos para a execução das obras.
 
Como a capela integra o Palácio Universitário, que é o imóvel tombado, é necessário que o projeto de restauração envolva a totalidade da construção, com todas as suas especialidades (hidráulica, elétrica, telefonia, lógica, telefone, ar-condicionado etc.), mesmo que a realização das obras seja efetuada em partes. A UFRJ pode tentar junto ao Iphan aprovações parciais, para elaborar os vários editais de licitação previstos para uma obra da magnitude do Palácio.
 
O prazo contratual para desenvolvimento dos projetos é de 420 dias, estando nele incluídas duas possíveis paralisações, para avaliações no âmbito do Iphan: um período para análise e aprovação da proposta de intervenção inicial feita pela empresa licitada; e outro período para aprovação do projeto executivo final.
 
Da restauração
 
A universidade ainda não tem como adiantar detalhes da restauração, em vista das discussões que ainda serão feitas com o Iphan, órgão de tutela da obra. A UFRJ adianta que a integridade do imóvel tombado será preservada, assim como todas as características do exemplar ímpar da arquitetura neoclássica brasileira. Todo o material preservado no incêndio foi catalogado e armazenado, após a montagem de uma exposição pública do material. Entre eles estão uma imagem de Santa Rita e outra de Jesus Cristo, feita de bronze.