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Memória

Nuno Pereira: legado na pesquisa em Farmacologia

Foi sepultado nesta quarta, dia 11, no Cemitério Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro, o corpo do professor Nuno Álvares Pereira. Ele faleceu nesta madrugada, aos 91 anos, deixando um legado na área da pesquisa científica em Farmacologia.

Diplomado em 1942 na Faculdade de Farmácia e Odontologia do Estado do Rio de Janeiro, ingressou posteriormente no curso de Medicina da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, onde se formou em 1948. Em 1951, Nuno retornou às salas da Escola de Medicina e Cirurgia como professor da cadeira de Farmacologia. Em 1957, sob a orientação do professor Haity Moussatché, um dos pioneiros no estudo da Neurofisiologia no Brasil, apresentou sua tese de Livre-Docência com um trabalho sobre a farmacodinâmica dos salicilatos e seu mecanismo de ação neuroendócrina. Neste mesmo ano, foi convidado a ingressar na Faculdade de Farmácia da UFRJ para ministrar o novo curso, até então único no Brasil, de Farmacodinâmica.

Em 1969, com a criação do Instituto de Ciências Biomédicas na UFRJ, transferiu-se da Faculdade de Farmácia para o Departamento de Farmacologia daquele Instituto. Concorreu, ainda, à vaga de professor titular na Escola de Medicina e Cirurgia (UNI-RIO), obtendo o título em 1975. Dois anos depois, tornou-se diretor do Instituto de Ciências Biomédicas, cargo que exerceu até 1980.

Na década de 80, quando foi aposentado compulsoriamente por limite de idade, Nuno exerceu diversos cargos de direção na UFRJ, entre eles: a chefia do Departamento de Farmacologia e a direção da Faculdade de Farmácia (1982/1986), além de ter sido decano substituto do Centro de Ciências da Saúde (CCS). Nesse período, passou a dedicar-se quase que exclusivamente à pesquisa científica em farmacologia de produtos naturais, que já vinha sendo desenvolvida ao longo de sua permanência no Departamento. Publicou mais de 100 trabalhos científicos, orientou mais de 20 dissertações e teses, além de ter participado de mais de 100 bancas examinadoras de cursos de pós-graduação e concursos para professor.

Paralelamente à vida acadêmica, Nuno também teve atuação importante na defesa da classe farmacêutica e da profissão. Foi um dos criadores dos Conselhos Regionais e Federal, tendo sido presidente por três mandatos do Conselho Regional de Farmácia e também da Associação Brasileira de Farmacêuticos. Foi membro da Academia Nacional de Farmácia, da Academia Brasileira de Farmácia Militar, além de ser um dos fundadores da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência e da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental. O professor deixa a mulher, Juracy Nakamura Pereira, com quem foi casado durante 60 anos, e três filhos.

* Com informações da Academia Brasileira de Ciências