Pela primeira vez em 50 anos, a redução no grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho acompanha a elevação da renda per capita dos brasileiros. Isso é o que aponta o estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) apresentado no dia 4/8, pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann.

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Mudanças na renda e na estrutura ocupacional do Brasil

Pela primeira vez em 50 anos, a redução no grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho acompanha a elevação da renda per capita dos brasileiros. Isso é o que aponta o estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) apresentado no dia 4/8, pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann.

Pela primeira vez em 50 anos, a redução no grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho acompanha a elevação da renda per capita dos brasileiros. Isso é o que aponta o estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) apresentado no último dia 4, pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann. A pesquisa sobre as transformações na renda e no trabalho, ocorridas no país desde 1960, também apontou uma recuperação da participação do rendimento do trabalho na renda nacional e apresentou um quadro geral de melhora da situação do trabalho, com a diminuição do desemprego e o crescimento do emprego formal.

Essa mudança no cenário brasileiro está associada, segundo Pochmann, às transformações na estrutura produtiva, com um impulso do setor terciário na geração de novas ocupações, que absorvem principalmente trabalhadores da base da pirâmide social, com rendimentos de até 1,5 salários mínimos. “Estamos cada vez mais nos tornando um país de serviços”, constatou o presidente, acrescentando que nas regiões metropolitanas o setor já corresponde a 70% do total de mão de obra.

De acordo com os dados do Ipea, a produção do setor terciário correspondeu a 66,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2008 e deve continuar crescendo, ao contrário do que se percebe nos setores primário e secundário, que apresentaram quedas relativas no crescimento. A projeção para o ano de 2036 indica que o setor de serviços e comércio deverá ser responsável por 80,9% do PIB brasileiro. “E se a produção cresce, a condição dos empregos tende a ser melhor”, afirma Pochmann.

O valor estratégico do salário mínimo
O estudo também mostra que na década de 2000 houve a maior expansão quantitativa de ocupações, com saldo líquido 44% superior ao verificado no período de 1980 e 1990, e 22% superior à década de 1970. Entre as vagas abertas, 95% tinham remuneração mensal de até 1,5 salários mínimos. Isso significa que nesse período houve um saldo líquido de dois milhões de empregos gerados por ano, em média, para o segmento de trabalhadores de salário de base.

Diante deste cenário, o presidente do Ipea chamou atenção para o valor estratégico do salário mínimo, que através da recuperação do seu valor real, “determina a situação de um setor majoritário da ocupação brasileira”, no caso o setor de comércio e serviços.

A incorporação dos trabalhadores na base da pirâmide social contribuiu para superar a condição de pobreza, que caiu de 37,2%, em 1995, para 7,2%, em 2009, entre a população economicamente ativa. Ao mesmo tempo, foi percebida uma expansão da população cuja principal remuneração deriva de rendas da propriedade (lucro, juros, renda de terra e aluguéis), passando de 3,9% para 14%. Para Pochmann, a redução no grau de desigualdade da distribuição da renda do trabalho – que atingiu o índice inédito de 10,4% entre os anos de 2004 e 2010 – pode ser explicada, em parte, pela estagnação da classe média, que se manteve na faixa de um terço dos brasileiros.

Um padrão sustentável?
Para Pochmann, os dados apresentados são satisfatórios, mesmo com a redução das oportunidades de emprego com maior remuneração – o número de ocupações acima de três salários mínimos foi reduzida em quase 400 mil, em média, ao ano, durante a década de 2000. Ele qualifica como positivo o aumento das ocupações com menores salários, que incorporam um segmento da população da base da pirâmide social, e contribuem para a redução da pobreza.  

A questão colocada por Pochmann após a conclusão do estudo se refere à sustentação deste padrão de transformação. “A sustentação depende não só da qualificação (da mão de obra), mas de como vão ser esses novos empregos”, defende. “Só então será possível sabe se o cenário é positivo ou negativo para o futuro”, completou.

Além da recuperação do valor real do salário mínimo e da qualificação dos profissionais, o presidente do Ipea acredita ser fundamental olhar com mais atenção para o setor de serviços, que vem mostrando sua força na participação da produção e na geração de novos empregos.