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As UPPs sob a ótica da Polícia

O Auditório da Central de Produção Multimídia (CPM) da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ recebeu, na última segunda (02/05), Robson Rodrigues da Silva, coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) e comandante das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O evento fez parte da programação do curso Jornalismo de Políticas Públicas Sociais (JPPS), ministrado pelo professor Evandro Ouriques, da ECO-UFRJ. O objetivo foi discutir a problemática do fazer policial militar pelo viés das UPPs, de forma a traçar uma análise antropológica que busca entender a organização da Polícia atual, bem como da sociedade.

Graduado em Direito e mestre em Antropologia, o comandante levantou questões, como a definição do “ser cidadão” e o que é ser policial militar em um quadro de vivência social sem limites. A palestra girou em torno da dissertação de Mestrado de Silva: "Quando o pato vai à rua: o caso das UPPs: uma análise antropológica do fazer policial militar". No contexto, “pato” representa as forças militares brasileiras, Aeronáutica, Marinha e Exército, que, segundo o autor, “voam, nadam e caminham, mas exercem todas as funções com imperfeição”.

A imperfeição da organização poderia ser explicada pela crise de identidade que acomete o profissional das Forças Armadas. “O militar se constrói no afastamento e será tido como superior, forte. Ideologicamente, a instituição militar forma o indivíduo no que Michel Foucault chama de cercamento”, analisa. Um serviço civil, por exemplo, que exige a aproximação com o cidadão é fundamentado em um ritual militar de distanciamento, que é inviável em termos democráticos. Para Robson, “há uma disputa ideológica e os conflitos são silenciosos”.

De acordo com o comandante, é nesse quadro conflituoso que a UPP se estabelece como aliada. “A UPP trabalha com rituais de humanização, transformando o normativo em prazeroso. O trabalho realizado confere mais espaço para o indivíduo e segurança para a sociedade”, conclui o coronel.