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A difícil arte de divulgar a ciência

 O Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc/UFRJ) promoveu na última quarta-feira (30/3) o seminário “A importância dos periódicos nacionais: por que e para quem fazer uma revista científica?”, que lotou as dependências do auditório do instituto. Especialistas na área de publicação científica discorreram sobre as várias etapas e dificuldades para publicação de artigos por parte dos pesquisadores.

O professor Benedito Barraviera, presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC – Unesp, Botucatu, SP), abordou na apresentação as dificuldades que se apresentam diante dos pesquisadores ao realizar a divulgação científica a começar pela própria realização do estudo. Segundo ele, entraves burocráticos emperram a aquisição de insumos para pesquisas, além de o tempo para exercer a atividade precisar ser dividido com outras tarefas. “A carga de responsabilidade é grande para o professor, que precisa dar aulas e fazer pesquisa”, disse.

De acordo com Barraviera, após a conclusão da pesquisa ainda surge um dilema diante do profissional que é a escolha entre as revistas nacionais ou internacionais para publicar a descoberta ou estudo. O idioma, a abrangência local ou mundial e o quanto os resultados obtidos podem contribuir para o avanço da ciência se somam entre os impasses enfrentados pelo pesquisador. “A ciência brasileira, sem dúvida alguma está avançando. Porém, à custa de muito sangue, suor e lágrimas. O rendimento dos pesquisadores está aquém do desejado, mas será que a pessoa consegue fazer ensino, pesquisa, extensão e gestão? Será que consegue fazer tudo isso?”, concluiu.

O assessor de informação e comunicação em ciência da Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo (FapUnifesp) Abel Laerte Packer, que é coordenador operacional do projeto SciELO, apresentou-se depois revelando as principais etapas até uma publicação científica alcançar e retribuir prestígio aos pesquisadores. “É preciso melhorar a capacidade editorial brasileira, que precisa ser internacionalizada, tanto na produção editorial como na publicação. Se a gente continuar produzindo só é bom para autoestima, mas não é bom para nossa inserção mundial”, afirmou.

O professor Kenneth Camargo Jr., editor da revista Physis – IMS/Uerj, detalhou como funciona a revista científica e também levantou as dificuldades das revistas brasileiras se manterem ao longo dos anos. Segundo ele, a falta de financiamento é um problema para quem quer se manter ético e não se rende aos interesses das transnacionais.

A professora Lúcia Abelha, editora dos Cadernos de Saúde Coletiva, também fez um relato histórico da publicação, que, em 1991, teve a produção interrompida para retomar cinco anos mais tarde. Hoje, os planos  são mais ousados. Está previsto para abril o lançamento do site específico dos Cadernos de Saúde Coletiva, que facilitará a publicação de artigos, além dos planos de ingressar no SciELO (Scientific Electronic Library Online), que é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros.