O "I Seminário Internacional sobre Microterritorialidades nas Cidades", ocorrido no último dia 15,  debateu questões como cultura popular, mobilização social e intervenção do Estado.

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Memória

Especialistas defendem a mobilização social

O "I Seminário Internacional sobre Microterritorialidades nas Cidades", ocorrido no último dia 15,  debateu questões como cultura popular, mobilização social e intervenção do Estado.

Na última quarta-feira (15/12), aconteceu o último dia do "I Seminário Internacional sobre Microterritorialidades nas Cidades". Realizado no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, no Centro de Filosofias e Ciências Humanas (CFCH), no campus da Praia Vermelha da UFRJ, o evento debateu, pela manhã, questões como cultura popular, mobilização social e intervenção do Estado.

Para Marcos Vinícius Faustini, diretor teatral, cineasta e escritor, “o pobre, o popular é a maior invenção da cultura brasileira”. Segundo ele, o agente popular quer, hoje, operar o mundo de acordo com suas próprias significações, não mais se tornando refém de uma representação, de um estereótipo. “Criou-se um simulacro da ideia de popular que foi incorporado pelo mercado. O capitalismo tem utilizado a favela como experimentação de novos códigos como, por exemplo, o hip-hop”, analisou o escritor.

Eblin Farage, diretora da organização não-governamental (ONG) Redes de Desenvolvimento da Maré e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares, entende como artigo de extrema importância uma maior mobilização social. “Quem está presente nas favelas hoje? Um Estado desqualificado, o tráfico de drogas e as ONGs; não mais as manifestações populares”, afirmou Eblin.

Segundo a diretora, é necessária uma intervenção nas políticas púbicas: medidas estruturantes que abordem desenvolvimento local, melhores condições de educação, arte e cultura, comunicação, políticas ambientais e de segurança pública. “Para isso, investimos no projeto ‘A Maré que queremos’, promovendo encontros quinzenais com os 16 presidentes de associações de moradores da comunidade”, explicou a diretora.

Outro ponto bastante defendido pelos palestrantes foi a promoção de visibilidade para estes territórios segregados. “À medida que o capitalismo se desenvolve, ele segmenta o território, trazendo consigo uma segmentação social”, constatou Eblin Farage. Para ela, a Maré está aquém no que se refere aos direitos de acesso à cidade, assim como a maioria das favelas brasileiras.

Faustini destacou, ainda, os “espaços de mediação”: fóruns, conferências e conselhos culturais autônomos. “Não é só o secretário de Cultura que define onde serão aplicados os investimentos”, afirmou. De acordo com o escritor, a gestão é papel do Estado, mas o monitoramento é um dever social.