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Estudo avalia efeitos inflamatórios associados a formação de edema ao recrutamento de leucócitos

 “Ativação de Eosinófilos pela Bradicinina” é o titulo da tese de doutorado de Ilka Maria Bakker Coelho de Abreu, aluna do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ). O estudo avalia a bradicinina (BK), um peptídeo inflamatório envolvido em diversos processos, sendo associada à nocicepção e inflamação neurogênica, à formação de edema e ao recrutamento de leucócitos.  

No presente trabalho foram estudados os efeitos que a BK exerce sobre eosinófilos humanos diretamente, em um modelo in vitro, bem como sobre eosinófilos murinos em modelos in vivo de inflamação pelural. Foi mostrado em um ensaio que evidencia mudanças morfológicas que a BK não tem efeitos sobre a locomoção eosinofílica. 

“Diferentemente, pôde ser constatado um efeito ativador da BK sobre eosinófilos, uma vez que a interação com seu receptor B2R levou à biogênese de corpúsculos lipídicos (lipid bodies; LBs) citoplasmáticos, acompanhado pela síntese e secreção de prostaglandina (PG) E2, mas não de tromboxano B2 ou PGD2”, explica a doutoranda.  

Segundo Ilka, a síntese de PGE2 induzida pela BK em eosinófilos humanos apresentou ser aguda, uma vez que foi evidenciada por EicosaCell após apenas 15 min de incubação. “Foi reconhecida a dependência da ação endógena de metabólitos das ciclooxigenases 1 e 2, potencialmente uma alça de retroalimentação de PGE2 e PGD2, para a biogênese de LBs induzida pela BK. Ao estudar as vias de sinalização envolvidas neste processo pôde ser observado que a BK exerce seus efeitos via efetores down-stream da adenosina de monofosfato cíclico (cyclic adenosine monophosphate; cAMP), isto é proteína cinase (PK) A e fator de troca ativado por cAMP (Epac), mas não via alterações detectáveis nos níveis intracelulares de cálcio ou via ativação de PKC”, analisa a estudante.  

“Curiosamente, apesar da BK sinalizar via aumentos de cAMP, também pôde ser constatada a síntese e secreção de leucotrieno cisteinado (cysteinyl-leukotriene; cys-LT) por estas células quando estimuladas com BK. Em um modelo murino de pleurisia alérgica foi mostrada a relevância da ação da BK in vivo, uma vez que levou ao recrutamento e à ativação de eosinófilos ao local inflamado. A administração exógena no espaço pleural de BK foi suficiente para mimetizar estes efeitos, acompanhado também por aumentos nos níveis de cys-LT na cavidade pleural sendo potencialmente provinientes da atividade sintética e secretória dos eosinófilos recrutados, como demonstrado por imunomarcação intracelular por EicosaCell”, relata Ilka 

Para concluir o elstudo aponta BK capaz de ativar eosinófilos diretamente in vitro, mas também de recrutar e ativar eosinófilos in vivo. “No modelo in vitro foi mostrada a iniciação de uma alça de retroalimentação de prostanóides dependente da ação de PKA e Epac, mas não de cálcio e PKC, ainda levando à síntese e secreção de cys-LT nos eosinófilos humanos estimulados com BK”, encerra a doutoranda.  

Defesa 

A dissertação “Ativação de Eosinófilos pela Bradicinina” teva a orientação dos professores Christianne Bandeira de Melo e Julio Scharfstein, ambos do IBCCF e a defesa acontece segunda-feira (23/08), às 14h, na sala G1-022, do IBCCF – Centro de Ciências da Saúde (CCS), Cidade Universitária.