Fátima Vasconcelos, presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro, falou, entre outras coisas, sobre políticas públicas de combate à violência doméstica.

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Violência contra a mulher em debate no IPUB

Fátima Vasconcelos, presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro, falou, entre outras coisas, sobre políticas públicas de combate à violência doméstica.

Na última sexta-feira (06/08), o Auditório Leme Lopes do Instituto de Psiquiatria (Ipub) da UFRJ foi palco da palestra "Violência contra a mulher: Políticas Públicas e o papel do profissional de saúde mental," ministrada pela professora Fátima Vasconcelos, presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro e chefe de clínica do serviço de psiquiatria da Santa Casa de Misericórdia (SCMRJ). O encontro ganha importância após sucessivos casos de violência contra a mulher, publicados pela grande imprensa nacional, e devido à celebração (no dia 07/08) dos quatro anos da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006.

A palestra contou com o auxílio de um telão que revelou algumas imagens chocantes de violência contra mulheres em todo o mundo. “Nunca se falou tão abertamente sobre violência contra a mulher como se fala hoje”, analisou a professora, mestra em Psiquiatria, e pesquisadora, que também enumerou casos pouco divulgados, como abusos cometidos pelos próprios pais, padrastos, companheiras homossexuais, irmãos e parentes em geral.

A violência doméstica pode ocorrer em qualquer circunstância, país, religião ou grupo social, “por isso não podemos fechar os olhos. Não é porque não faz parte da sua realidade, que não pode ser a da sua vizinha ou da sua amiga”, exemplificou Fátima, que também enfatizou a importância do papel dos profissionais de saúde mental no apoio às mulheres que sofrem agressões. A presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro informou que a maioria das agressões são feitas por companheiros ou ex-companheiros. “Muitas mulheres usam estratégias ativas para maximizar sua segurança e a de seus filhos. Algumas resistem, outras fogem e outras tentam manter a paz rendendo-se às exigências do agressor”, explicou.

“O medo de perder o apoio financeiro, de sofrer represálias, a preocupação com filhos, a dependência emocional e a vergonha do estigma social são os motivos que impedem as mulheres de pedir ajuda ou de sair de casa”, afirmou a chefe de clínica do serviço de psiquiatria da SCMRJ. Os números revelam que a Lei Maria da Penha pode mesmo ser celebrada pelos seus quatro anos de existência. Desde a sua criação, 54 mil pessoas entre psicólogas, assistentes sociais e advogadas foram treinadas para atender especificamente casos de violência contra a mulher. Além disso, a Lei proporcionou a criação da Delegacia da Mulher.

De acordo com a docente, em 2003 havia 248 delegacias e postos de atendimento à mulher. Já em 2009, o número aumentou para 475. O número de casas-abrigo foi de 42 para 68 no país. O número de juizados e varas cíveis passou de zero a 147 e as defensorias, de quatro para 56. “Ainda é preciso muito mais, mas a Lei trouxe alguns benefícios para a mulher. Hoje, a impunidade é menor com a Lei e a repercussão dos crimes evidencia que devemos nos atentar aos casos de violência doméstica e denunciar”, analisou a docente, que lembrou a importância do número telefônico 180, o Disque Mulher, que reporta qualquer tipo e denúncias de violência contra a mulher.