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Continente unido contra a dominação

 A conferência de abertura do “Seminário Encruzilhadas da América Latina no Século XIX” aconteceu na última quarta-feira (16/06), com a palestra de Atílio Borón, diretor do Programa Latino-Americano de Educação a Distância em Ciências Sociais (PLED).

O especialista discutiu as questões geopolíticas e culturais que envolvem o continente. Segundo Borón, os governos de centro-esquerda, como de Brasil e da Argentina, têm uma política internacional frágil e uma economia que não favorece a população mais pobre. “Eles têm uma retórica de esquerda, mas ações econômicas de extrema-direita, repetindo os governos anteriores”, analisou.

Para o diretor do PLED, os governos de verdadeira esquerda da América Latina, como Venezuela e Bolívia, estão aplicando mudanças sociais que trarão benefícios às populações. “Cuba, por exemplo, tem taxas de natalidade superior a vários países desenvolvidos e as reformas constitucionais que foram feitas na Bolívia e na Venezuela, por exemplo, são exemplares”, analisou.

O diretor criticou a política brasileira em relação à integração latino-americana. “O Brasil teria que ser o líder dessa integração, mas suas reações em relação à recente crise com o Paraguai demonstram que a política atual do país não é integradora”, comentou. Hugo Chavez, segundo Borón, é o estrategista ideal para esta integração. “Ele é o único com pensamento estratégico, extremamente inteligente”, afirmou.

A política externa dos Estados Unidos, um “Império em decadência”, segundo o diretor, é uma constante ameaça à estabilidade e sobriedade do continente, o ponto global mais importante para os estadunidenses. “A América Latina tem a maior parte da biodiversidade mundial e da água potável. Daqui a alguns anos, as grandes guerras vão ser por este motivo e não é a toa que os EUA estão voltando as atenções militares o nosso continente”, alertou.

Borón afirma que um “Império em Decadência” é ainda mais perigoso e agressivo de um já estabilizado e é por isso que a América Latina deve se unir para combater a política militar estadunidente. “Os Estados Unidos começaram a conquistar a América Latina com a Doutrina Monroe. E, conforme for decaindo economicamente, vai querer recrudescer ainda mais o exercício desse domínio”, concluiu.