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Professor francês discute impacto da crise na Europa

 “A Europa está implodindo.” Esta é a opinião de Alain Rallet, professor de Economia da Universidade de Paris Sul, que ministrou, na manhã desta segunda-feira (22), a aula inaugural do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur–UFRJ).

Intitulada “As cidades europeias na crise global”, a aula teve como objetivo avaliar os impactos da crise financeira nas cidades da Europa. Pessimista, Rallet afirma que o continente está vivenciando um colapso econômico, político e ambiental sem precedentes. Segundo o professor francês, “a crise é profunda e, mesmo daqui a 30 anos, as cidades europeias ainda sentirão seus efeitos”.

Segundo o especialista, o endividamento público dos países europeus atinge níveis altos, podendo variar entre 80 e 120% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse dado significa, na avaliação de Rallet, que, em 10 ou 15 anos, as políticas monetárias serão restritivas e haverá, consequentemente, diminuição do poder de compra e queda no nível de vida do cidadão na Europa.

O economista explica que, em função de uma dinâmica própria, a Europa não é capaz de minimizar suas dívidas com a ajuda de países mais ricos ou com o auxílio dos grandes bancos internacionais. “A Europa está implodindo. Os países endividados não são capazes de administrar a moeda. Se o Fundo Monetário Internacional (FMI) emprestar dinheiro, vai ficar claro que a soberania europeia não existe”, avalia.

Alain Rallet apresentou uma pesquisa que comprova o aumento da população na região Oeste da Europa. De acordo com o trabalho, de 1996 a 2001, o número de habitantes da Europa Oriental diminuiu e o da Ocidental aumentou. Isso produziu impactos nas grandes megalópoles do Oeste: “Em Paris, por exemplo, quase 100% dos entrevistados diziam não ser fácil encontrar um local razoável para morar. Já em Berlim, essa porcentagem caía para menos de 50%”, conta.

Dados como esse evidenciam as dificuldades que se anunciam para a Europa nas próximas décadas. “A maior luta social será contra o desemprego. Hoje, já existe um índice de 60% de desempregados. Há também uma falência da classe média. Uma família com três carros já não pode mais usá-los, porque a gasolina está cara. Cada vez mais, pessoas sem dinheiro para o aluguel serão expulsas e os apartamentos se tornarão lojas de grife para turistas”, finaliza.