Durante a mesa de abertura da décima edição do Fórum Social Mundial, Oded Grajew, representante da Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e um dos idealizadores do evento, lembrou a criação deste que hoje é reconhecido mundialmente como o principal encontro de movimentos sociais em todo o mundo.">Durante a mesa de abertura da décima edição do Fórum Social Mundial, Oded Grajew, representante da Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e um dos idealizadores do evento, lembrou a criação deste que hoje é reconhecido mundialmente como o principal encontro de movimentos sociais em todo o mundo.">
Categorias
Memória

Por um novo modelo de desenvolvimento

Durante a mesa de abertura da décima edição do Fórum Social Mundial, Oded Grajew, representante da Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e um dos idealizadores do evento, lembrou a criação deste que hoje é reconhecido mundialmente como o principal encontro de movimentos sociais em todo o mundo.

De Porto Alegre – Durante a mesa de abertura da décima edição do Fórum Social Mundial, Oded Grajew, representante da Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e um dos idealizadores do evento, lembrou a criação deste que hoje é reconhecido mundialmente como o principal encontro de movimentos sociais em todo o mundo. “A ideia de criar o Fórum foi agregar, promover um espaço de convergência. Ele não obriga ninguém a participar, mas abre espaço para que as pessoas se juntem em torno de propostas. Vamos nos articular e levar adiante essas ideias, para que elas possam ser viabilizadas”, conclamou.

Grajew citou aquele que considera um dos principais eixos do evento ao longo de uma década de atividade. “A diversidade é um dos pontos centrais da nossa carta de princípios. Não há uma cultura patriarcal, vertical. Todos aqui se sentem contemplados”, apontou, para, logo em seguida, criticar o modelo econômico e político vigente. “Nossa tarefa é mudar essa cultura hegemônica arraigada. Somente através de políticas públicas poderemos mudar alguma coisa. Nenhum governo abandona quem financia suas campanhas. Precisamos forçar os governos a deixar este compromisso de lado e colocá-los a dispor de quem realmente necessita deles: as camadas populares.”

O empresário lembrou a pauta ambiental como uma das áreas centrais na discussão do Fórum este ano. “Não adianta falarmos que um outro mundo e possível, se no nosso dia a dia não agirmos de forma diferente. Hoje nós temos o desafio de mudar o atual modelo de desenvolvimento que os cientistas já comprovaram ser insustentável. Se não fizermos nada hoje, dentro de 10, 15 anos, os danos poderão ser irreparáveis”, afirmou.

João Pedro Stedile

O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stedile, analisou a trajetória do FSM, ao longo de uma década. “Contribuimos para derrotar o neoliberalismo, não como modelo econômico, mas como ideologia. Hoje em dia não se pode crer que o mercado resolverá todos os problemas”, apontou, para logo depois criticar o que considera imobilismo de parte dos movimentos sociais. “A esquerda vive hoje uma crise ideológica e a direita se aproveita disso. Perdemos a nossa capacidade de mobilizar as massas. O Fórum é como se fosse o vestiário de uma equipe de futebol. Aqui, nos combinamos a nossa estratégia de jogo. Mas temos que ir para dentro de campo”, defendeu. Stedile também atacou os meios de comunicação, que, para ele, “passaram os últimos dez anos falando mal do Fórum, chamando os seus organizadores de malucos”.

Olívio Dutra

Prefeito de Porto Alegre, entre 1988 e 1992, e governador do Rio Grande do Sul, entre 1999 e 2003, Olívio Dutra foi o responsável pela implementação do orçamento participativo, como forma de gestão. Durante o seu discurso na abertura do FSM, Olívio lembrou que os governos posteriores criticaram e abandonaram a política como forma de dar maior participação popular à administração pública. “O Estado tem que ser controlado pela sociedade, e não a sociedade ser controlada pelo Estado. Por isso, hoje, temos que reafirmar o protagonismo do povo como sujeito histórico. O ser humano só se realiza na sua plenitude se ele se realiza na sua dimensão política. E isso não quer dizer cargos públicos, mas sim no exercício efetivo da participação do povo como ator social”, destacou.