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Intervenção artística nas cidades é tema de palestra na FAU

Curadora e crítica de arte analisa obras de arte expostas nas grandes cidades.

“A arte não tem função alguma”. Foi com essa frase que a curadora e crítica de arte Daniela Labra iniciou a palestra “Arte na Rua/Arte na Cidade”, nesta quarta, dia 7, no Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ (PROURB). O evento reuniu alunos e professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFRJ).

Daniela diz atuar na área da performance, pensando em projetos de arte que tenham ligação com a cidade. No entanto, sua maior preocupação não é relativa à adequação estética. “O que mais me interessa em um projeto de arte – seja ela na rua, na performance ou mesmo em uma pintura ou escultura – é quando ela problematiza”, explicou. “A diferença da produção de arte moderna para a contemporânea", continuou, "é o fato de esta última começar a problematizar ela mesma, ou seja, acerca do seu trabalho, realizando um questionamento da própria técnica do fazer artístico e do que seu criador pode vir a transmitir e discutir através de seu objeto".

Projeções

Antes de iniciar a projeção de fotos, a artista comentou que existem diferentes possibilidades de composições e que as que seriam exibidas se relacionavam de maneiras diversas com as metrópoles. “O interessante deste encontro é que pensemos as diferentes relações de possibilidades da obra de arte no contexto urbano”, explicou.
 
O primeiro trabalho exibido foi "O Arco", do escultor norte-americano Richard Serra. A obra – uma parede de aço com mais de 36 metros de comprimento e 3 metros de altura, instalada em  uma praça de Nova Iorque – foi repelida pela população local, por ficar no meio da passagem e, assim, atrapalhar a vida cotidiana daquelas pessoas.

Em seguida, Daniela analisou as fotos do trabalho da também norte-americana Jenny Holzer. A artista utiliza a luz, meio intangível, como material. Holzer interfere no meio através da projeção de frases de efeito, na maioria das vezes em um local em que o escrito faça parte de um contexto – tal como a frase “Protect me from what I want” (proteja-me do que eu desejo), escrita em um prédio na capital mundial do consumo: Nova Iorque. Segundo Daniela, sem nunca, entretanto, esquecer a preocupação estética e plástica.
 
Ao longo das projeções os presentes também manifestavam seu ponto de vista. Um deles recordou a frase do início da palestra. “O que quis passar é que a arte não apresenta uma funcionalidade, não é criada como um projeto para possuir um papel prático. A missão de todos os trabalhos exibidos aqui era de provocar reflexão, chacoalhar a vida das pessoas, em vez de trazer uma solução. Estas obras não trazem uma resposta, mas um problema”, concluiu a artista.