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Psiquiatra discute tentativas de suicídio com uso de medicamentos

A Sessão de Estudos do Instituto de Psiquiatria da UFRJ discutiu, no dia 26 de junho, a relação entre as tentativas de suicídio e os medicamentos usados na maioria das mortes. A palestrante convidada foi Valéria Queiroz, professora do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Universidade Federal Fluminense (UFF). O encontro ocorreu no auditório Leme Lopes, no campus da Praia Vermelha.

Segundo a professora, o problema envolve questões psicológicas, sociais e genéticas, devendo ser estudado para que se obtenha a redução no número de ocorrências. Valéria informou que nos últimos cinco anos houve o aumento de 60% das taxas de tentativas de suicídio. Ela afirma que, em 95% dos casos, há presença de algum tipo de transtorno mental, relacionado, na maioria das vezes, a problemas de bipolaridade e depressão. 

Seus estudos demonstram que o suicídio é mais comum entre homens, apontando a impulsividade masculina como uma das causas mais prováveis. Segundo ela, a mulher é mais tolerante aos sintomas depressivos. Outro dado observado diz respeito ao aumento do número de casos de suicídios entre os jovens, sobretudo nas grandes cidades.

O Brasil ocupa o nono lugar no ranking de casos de suicídio. “Isso acontece por conta de ser um país populoso, mas, ao se analisar as taxas relativas (relacionando número de casos por quantidade de pessoas), a posição brasileira cai”, afirma. Os países de risco mais elevado são os do Leste Europeu, Canadá, Austrália e Estados Unidos.

Substâncias tóxicas

No município do Rio de Janeiro, os hospitais universitários Clementino Fraga Filho (UFRJ) e Antônio Pedro (UFF) realizam estudos sobre os casos de suicídio, relacionando-os à Rede Nacional de Toxicologia, que busca identificar as substâncias tóxicas mais relacionadas às mortes. O Hospital Antônio Pedro oferece ainda um sistema de atendimento telefônico com informações sobre risco e como proceder em casos de tentativas de suicídio.

A partir de um estudo relacionado ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (Sinitox) da Fundação Oswaldo Cruz, Valéria observou que os medicamentos estão presentes em 55% das tentativas de suicídio. Pesticidas aparecem em segundo lugar. A professora defende a discussão em torno da prescrição de tais substâncias. “O mau uso desses medicamentos está relacionado à facilidade de acesso e à informação divulgada”, explica Valéria.

“A Organização Mundial da Saúde considera o comportamento suicida um problema de saúde pública. Por isso, os estudos nessa área são fundamentais para que se possa reduzir o número de casos. Temos que identificá-los previamente para um trabalho de prevenção eficaz”, conclui a professora.