O plano de trabalho apresentado no início da gestão de Antônio Ledo, diretor da Faculdade de Medicina (FM) da UFRJ, incluía a criação de um setor de convênios e relações internacionais específico para a unidade. A proposta, aprovada na Congregação e atualmente na Comissão de Intercâmbio e Relações Internacionais da FM, é coordenada pela professora Alda Bozza.
Os professores Guilherme Rezende, Alicia Souza e Juan Renteria também integram a equipe. “Havia uma demanda grande dos alunos, além de uma necessidade de institucionalizar essas atividades na nossa Faculdade”, explica Antônio Ledo. França e Portugal foram os primeiros países com os quais a FM estabeleceu vínculos.
Convênio com a França
— O primeiro contato foi com a França, ano passado. Visitamos três faculdades de Medicina, duas em Paris e uma em Marselha, com as quais já temos convênio. Inclusive já temos alunos que retornaram — relata o diretor. Segundo ele, as avaliações recebidas a respeito do desempenho dos alunos que participaram do intercâmbio nesse ano foram excelentes.
O sistema de saúde da França é semelhante ao brasileiro. “Percebemos que as universidades europeias em geral e as francesas em especial apoiam amplamente a mobilidade estudantil e de docentes. Entre os alunos de Medicina da Universidade de Paris Sud, considerada a mais conceituada neste momento na França, 60% passam um período, durante seu curso, em outro país”, informa Ledo.
Portugal, o mais novo aliado
Recentemente, os diretores da FM visitaram três instituições em Portugal: Universidade de Lisboa, Universidade do Porto e a Universidade de Coimbra. “Essas três já tinham acordos gerais com a UFRJ, mas não especificamente com a FM. Então fomos com o objetivo de formalizar acordo entre as faculdades de Medicina”, explica Ledo. Portugal e Brasil se identificam através da história, cultura e idioma.
— Fomos muito bem recebidos e trocamos medalhas com as três faculdades. Todas as três mostraram grande interesse no estabelecimento de convênio com nossa Faculdade. Na ocasião, discutimos também a proposta de criação de um programa de mobilidade entre as universidades dos países de Língua Portuguesa — relata Antônio Ledo.
Portugal possui sete faculdades de Medicina, todas públicas. “É outra razão que nos aproxima. Defendemos a expansão da universidade pública no país, onde, inclusive no caso da Medicina, ainda está a excelência”, observa o diretor.
— Observamos que a possibilidade de interagir e poder rever o nosso próprio modelo pedagógico também é importante. Os países da União Europeia aderiram ao Consenso de Bolonha, em que se tem praticamente toda a Europa com um modelo pedagógico único – comenta José Marcus Eulálio, vice-diretor da FM. Ele acredita que é preciso conhecer os avanços dos vários modelos médico-pedagógicos na atualidade como subsídio para a reforma didático-pedagógica em curso atualmente na Faculdade.
— Em Portugal, o aluno ao se formar já sai com um título de mestre, além de ter a licenciatura ao final do terceiro ano. Porém, o estudante entra já no primeiro ano para a Faculdade de Medicina, e não para um básico comum. Também em Portugal estão implantando um doutorado que pode ser feito durante a residência médica — citou Eulálio. Segundo ele, esses são exemplos de experiências que podem mudar a dinâmica da universidade. Para o vice-diretor, é preciso refletir sobre tais reformas no sentido de seguir no Brasil exemplos produtivos e exitosos.
Mobilidade interna
— Nossa proposta não é apenas buscar uma expansão para fora do Brasil, mas também trabalhar com a interiorização. Nós também interiorizamos. Estamos começando em agosto uma nova turma de Medicina em Macaé, utilizando um modelo pedagógico inovador —aponta Antônio Ledo.
José Marcus Eulálio considera necessário ampliar a mobilidade acadêmica com apoio institucional no Brasil, incluindo alunos e docentes, ideia que já está em curso. De acordo com Ledo, o Brasil tem um programa de mobilidade interna, implantado pelo governo. “Temos que avançar na discussão e viabilização dessa mobilidade em nossa Faculdade”, conclui Antônio Ledo