Categorias
Memória

Fonoaudiologia promove encontro sobre técnicas de terapia

 No último dia 30 de setembro, o Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou a quarta edição do evento “Atualidades em Fonoaudiologia” – este ano, sobre o tema “Práticas em Fonoaudiologia: Avaliação e Terapia”. O encontro, que aconteceu no auditório Alice Rosa, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), contou com a presença das fonoaudiólogas Angela Garcia, Leila Mendes e Márcia Cavadas.

Angela Garcia, que trabalha no HUCFF, deu início à palestra abordando o assunto “Estresse e Voz: Avaliação e Tratamento”. Segundo ela, exercícios com a voz, em indivíduos que sofrem de estresse, não são suficientes para resolver o problema. Angela revela que, na verdade, a interação com o paciente é fundamental. “Converso muito com o paciente e isso faz parte do tratamento. Conversar sobre o que a pessoa gosta e o que lhe dá prazer no dia-a-dia, ajuda na qualidade de vida e redução do estresse”, acredita.

A médica explica que, durante a terapia, trabalha com relaxamentos, exercícios físicos e práticas de respiração. Além disso, desenvolve com o paciente, diariamente, um inventário de percepção do estresse. “Faço uma reavaliação dos medos e crenças do indivíduo, pelo relato de tudo o que acontece no seu dia-a-dia. Essas modificações e reflexões vão, portanto, reduzindo o nível de estresse e melhorando a voz”, destaca. No entanto, para Angela, uma vida mais equilibrada – em que o indivíduo saiba dosar trabalho, relação familiar e lazer – ainda está entre os principais fatores que contribuem para a redução do estresse.

Leila Mendes, por sua vez, abordou o tema “Fonoaudiologia Empresarial”. Leila é especialista em voz e preparadora vocal de atores de teatro, cinema e televisão. Segundo ela, a atuação do fonoaudiólogo em uma empresa é diferente da área clínica, já que o profissional precisa ter uma visão abrangente, focada mais no processo de comunicação do que no tratamento de distúrbios vocais. “Normalmente, quando somos chamados a trabalhar em empresas, não vamos tratar de disfônicos, mas de empresários, pessoas que precisam se comunicar. Dessa forma, prefiro utilizar a palavra comunicação. Uma empresa que não se comunica com a sociedade não vende seu produto. A comunicação é uma ferramenta estratégica e o fonoaudiólogo pode ajudar muito”, afirma Leila.

Além disso, de acordo com a especialista, muitos gerentes de empresas possuem conhecimentos técnicos, mas não sabem se comunicar de forma correta. Assim, é necessário motivá-los, trabalhando não apenas a voz, como também seu comportamento. Por meio de um ambiente informal, o fonoaudiólogo deve assumir o papel de quem propõe, e não de quem cura. Para isso, além de exercícios específicos que visam trabalhar o processo de comunicação, o trabalho que Leila realiza com empresários envolve gravações em vídeo e questionários de auto-avaliação. “Proponho não apenas exercícios de dicção, mas também exercícios em que os pacientes sintam o que gestos e posturas comunicam. A linguagem e a modulação da voz são importantes. O grande objetivo do treinamento é tornar a comunicação consciente, presente e voluntária”, observa.

Para a médica, independente de todas as dificuldades que a fonoaudiologia possa oferecer, a profissão ainda é uma carreira promissora. “Embora não seja fácil, a fonoaudiologia é uma profissão do futuro, já que o futuro é a comunicação”, conclui a especialista.