O IV Ciclo de Cinema Cultura e Identidade, evento que busca a reflexão dos aspectos da cultura popular através de sua relação com a linguagem cinematográfica, encerrou suas atividades em grande estilo. “Macunaíma” foi a obra escolhida para este dia 23 de junho.
O evento – organizado pela Companhia Folclórica do Rio-UFRJ, através do Núcleo de Estudos Cultura e Sociedade, da Escola de Educação Física – recebeu profissionais das letras e do audiovisual para debater o clássico, consagrado por Mário de Andrade na literatura, e pelo diretor Joaquim Pedro de Andrade nas telas de cinema, posteriormente.
Terminada a exibição do filme, Ana Paula Nunes, bacharel em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), iniciou sua exposição lembrando aos presentes no debate que a obra, embora antiga, nunca envelhece. Ela ressaltou o rompimento do filme com a narrativa clássica e justificou esta posição:
– “Macunaíma” surge na época do Cinema Novo, em um momento de se deixar de lado o intelectualismo para tocar as pessoas. Os personagens olham claramente para a câmera, como uma provocação. O rompimento com a linguagem clássica tem referências à chanchada, por exemplo.
Bacharel em Letras pela UFRJ, o segundo convidado a participar da mesa de debate foi Fernando Pereira, que explorou as questões da obra sob a ótica da literatura e revelou um mistério ocultado pelo autor em relação ao personagem principal: “Macunaíma é um herói nacional mesmo; era primo dos índios Macuxis, que ajudaram a estabelecer a fronteira brasileira em tempos de luta”.
Traçando um paralelo entre o conteúdo mostrado nas telas e nas páginas, embora tenha reconhecido o esforço da obra audiovisual, Fernando julgou o filme como mal humorado perto do livro, “tão fantasioso e maravilhoso que te faz entrar na história e se perder nela”.
A Companhia Folclórica do Rio-UFRJ, organizadora do evento, promete mais ciclos de cinemas envolvendo cultura e identidade nacionais. Para acompanhar as atividades do grupo: http://www2.eefd.ufrj.br/ciafolc.