O Fóssil foi encontrado em 2004, na região de Monte Alto, interior de São Paulo. Objeto de estudo para pesquisadores do Departamento de Geologia da UFRJ em parceria com Sandra Tavares, bióloga do Museu de Paleontologia de Monte Alto.

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Memória

Fóssil encontrado no Brasil é elo perdido dos crocodilos

O Fóssil foi encontrado em 2004, na região de Monte Alto, interior de São Paulo. Objeto de estudo para pesquisadores do Departamento de Geologia da UFRJ em parceria com Sandra Tavares, bióloga do Museu de Paleontologia de Monte Alto.

  Veja a reconstrução digital tridimencional do crânio

Entender a evolução animal das espécies existentes no planeta depende da descoberta de pequenos elementos aparentemente perdidos com o passar do tempo. Exemplo disto é o fóssil de crocodilomorfus que se constitui em peça fundamental para estabelecer a trajetória evolutiva dos crocodilos conhecidos hoje. Nomeado Montealtosuchus arrudacamposi, o fóssil foi encontrado em 2004, na região de Monte Alto, interior de São Paulo.

Objeto de estudo para pesquisadores do Departamento de Geologia da UFRJ em parceria com Sandra Tavares, bióloga do Museu de Paleontologia de Monte Alto, e apoio da Faperj e do CNPq, a descoberta revelou-se um verdadeiro elo entre os crocodilos pré-históricos e os atuais, rendendo inclusive uma publicação na revista Zootaxa, internacionalmente conhecida no meio.

Segundo Ismar de Souza Carvalho, diretor adjunto da graduação do Instituto de Geociências da UFRJ e coordenador do trabalho, a pesquisa em torno do Montealtosuchus está inserida em uma análise a cerca do período Cretáceo no Brasil, já realizada há 15 anos na universidade. Observando este intervalo de tempo situado entre 140 e 65 milhões de anos atrás, concluiu-se que os crocodilos eram animais muito comuns e, portanto, fundamentais para entender as transformações ambientais ocorridas.

“Analisando os ossos e o crânio do fóssil pudemos constatar que tais animais eram adaptados a uma ambiente quente e seco, o que nos leva a concluir, por exemplo, que essa região do interior paulista possuía um clima próximo ao semi-árido”, afirma o diretor.

Ismar explica ainda que o fato de o Montealtosachus apresentar características relativas tanto a seus antecedentes primitivos quanto aos contemporâneos revela que o processo de evolução não se dá por rupturas. “Pode-se dizer que aquele animal não desapareceu por completo, pois algumas de suas características, como a delicada separação em duas partes do céu da boca, refletem-se nos crocodilos que vemos atualmente”, afirma ele.

Também envolvido na pesquisa, Felipe Mesquita de Vasconcellos, doutorando da UFRJ, revela que a nova espécie desconstrói a imagem que normalmente se tem dos crocodilos. “Costuma-se imaginar tais animais como sendo aquáticos, que é o que nós vemos hoje. Mas o Montealtosuchus era um animal terrestre com habilidade para caminhar e correr”, diz Felipe.

Para ele, a descoberta do fóssil é importante por identificar um elo perdido entre os animais do período de aparecimento dos dinossauros e os atuais e, mais ainda, por conferir todo um caráter de brasilidade as pesquisas geológicas, visto que o Montealtosuchus, encontrado em excelente estado de conservação, adveio das mesmas rochas que formam o território nacional.