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Dada a largada para a II Escola de Nanociência e Nanotecnologia

 Foi aberta oficialmente, nesta segunda-feira (30), a II Escola de Nanociência e Nanotecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O curso chega este ano a sua segunda edição, por iniciativa conjunta de seis unidades da Universidade: Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), Instituto de Física (IF), Instituto de Macromoléculas (IMA), Instituto de Química (IQ) e Escola de Química (EQ).

A cerimônia que inaugurou o evento de 2007 foi realizada no auditório da Coppe, onde os inscritos se reuniram para uma pequena introdução sobre o que será tratado na II Escola de N&N. A mesa de abertura foi composta pelos professores Sérgio Camargo (coordenador da Escola, e membro do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais – PEMM/Coppe), Edson Watanabe (subdiretor acadêmico e representante da diretoria da Coppe na ocasião), José Albuquerque (representante do IF, coordenador da primeira Escola), Pierre Esteves (representante do comitê organizador, também docente do IF) e Glória Soares (coordenadora do PEMM/Coppe).

Segundo Watanabe, a Nanotecnologia é um assunto ainda muito pouco divulgado, e propagá-la no meio científico acadêmico está entre os objetivos do curso. Ele exibiu uma apresentação bem humorada sobre a postura ideal de um pesquisador, na qual explicou como ocorre o ensino em Pós-graduação (Mestrado e Doutorado), além dos objetivos da Escola.
Para o professor, há quatro formas distintas de conhecimento: o concreto e consolidado, que “sabemos que sabemos”; o conhecimento a se adquirir, o qual “sabemos que não sabemos”; o inconsciente, que “não sabemos que sabemos” e, por fim, o desconhecido, o qual “não sabemos que não sabemos”.

O que se espera de um pesquisador, segundo Watanabe, é que ele crie uma questão, ou seja, descubra um problema novo e o resolva. Incentivar e desenvolver tal postura do pesquisador é um dos objetivos da Escola de N&N. “Mais interessante e gratificante que passar a ter conhecimento sobre algo de que se tem consciência de não saber, é aprender sobre algo que nem sabíamos que não sabíamos”, brincou.
 
N & N: Promessas de uma área inovadora e interdisciplinar
A Escola de Nanociência e Nanotecnologia se caracteriza, acima de tudo, por sua multi e interdisciplinaridade. Inicialmente as unidades organizadoras eram os Institutos de Física, Química, Biofísica, Macromoléculas e COPPE. A primeira Escola, realizada ano passado, foi um grande sucesso, o que gerou uma ampliação do interesse. Nesta segunda Escola, há também a participação da EQ, além de docentes da Farmácia, Nutrição e Odontologia, o que prova o quão abrangente é a nova e promissora área tema do evento.

A Universidade possui uma diversidade de pesquisa em N&N e a organização do evento pretende aprimorar e diversificar ainda mais estas atividades. “A UFRJ dispõe de um número muito grande de grupos de pesquisa, de vários institutos, atuando nessa área. No Brasil, deve ser a instituição, juntamente com a Universidade de São Paulo (USP), que possui maior diversidade de pesquisas nesse sentido”, afirmou José Albuquerque.

Quem lida com ciência e tecnologia nano está diante de novos conhecimentos. Não se sabe, ao certo, o que irá ocorrer nessa área nos próximos anos, mas as idéias são promissoras: “Ninguém duvida de que será uma coisa revolucionária. Costuma-se comparar com a revolução da Eletrônica, Informática, Microeletrônica e Telecomunicações no que diz respeito a materiais”, declarou Sergio Camargo. Para ele, a possibilidade de aplicação da Nanociência e Nanotecnologia em diversas áreas a torna muito mais abrangente que a Eletrônica, por exemplo, que possui um impacto muito grande, porém localizado e de atuação restrita.

Se formos buscar na história algumas descobertas importantes, como o avião e o trem a vapor, o tempo entre a data da inovação e a conseqüente geração de uma tecnologia realmente de mercado e larga escala é, em média, cerca de 40 e 50 anos. “Estamos no início desse processo – talvez os próximos 10 ou 15 anos da N&N. Não sabemos o que vai ser daqui há 35 ou 40 anos”, disse Sérgio.

Grande demanda
Na primeira versão da Escola, a Organização do evento recebeu cerca de 100 inscritos e 60 participantes. Já neste ano, houve mais de 200 inscrições em um prazo aproximado de um mês, e as solicitações de participação não param de chegar. Foram abertas 40 vagas adicionais para assistir somente às palestras, uma vez que não há infraestrutura suficiente para atender a todos em aulas práticas, sendo impossível acomodar tantas pessoas nas instalações.

O número expressivo de inscrições indica uma grande demanda da sociedade nessa área inovadora da Nanociência e Nanotecnologia. O professor Sérgio Camargo dividiu com os colegas de mesa sua satisfação com o número de inscritos no curso: “A organização não esperava um feed-back tão positivo. Pudemos abrir mais vagas para as palestras, mas infelizmente não conseguimos fazer o mesmo com as aulas práticas, pois os laboratórios com os quais dispomos não suportam tantas pessoas”.

A II Escola de N&N, disse o professor, conta com alunos de graduação, mestrado, e até doutores. Os inscritos na escola incluem pessoas de diversas áreas, de dentro e fora do Rio de Janeiro, membros de empresas e docentes. Uma curiosidade surpreendente, citada por Sérgio, foi um profissional que trabalha em um escritório de advocacia, lidando com patentes, que se inscreveu.

Durante os cinco dias da semana, os inscritos participarão de palestras e mini-cursos, com aulas teóricas na parte da manhã e práticas à tarde, distribuídas em cinco eixos temáticos: Dinâmica Molecular, Nanocatálise, Materiais Nanocompósitos, Microscopia de Ponta de Prova e Nanofármacos. Para mais detalhes sobre a programação, acessar a página do evento http://www.metalmat.ufrj.br/escolanano/ .