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Vestibular, Rumos e Opções: viabilidade do Ciclo Básico

Promovida pela Escola Politécnica, a segunda edição do seminário Vestibular, Rumos e Opções, realizado no dia 5 de dezembro, discute a volta do Ciclo Básico.

 A segunda edição do seminário Vestibular, Rumos e Opções, realizado no dia 5 de dezembro, no auditório André Rebouças, no Bloco D, do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, discutiu a possibilidade de opção única para o vestibular e a escolha de habilitações após o Ciclo Básico. O evento, promovido pela Escola Politécnica (Poli) da UFRJ, contou com a presença de professores e estudantes de diversas unidades da universidade, reunidos com o objetivo de buscar melhorias para a graduação. Eles aproveitaram a oportunidade para discutir a viabilidade de uma reforma estrutural no Ensino Superior, com a criação de um Ciclo Básico nas engenharias, por exemplo. Os principais objetivos das medidas previstas são a redução do índice de evasão e facilitar a escolha da habilitação a ser cursada pelo aluno.

José Roberto Meyer Fernandes, pró-reitor de Graduação (PR-1), e Ericksson Rocha Almendra, diretor da Politécnica, expuseram alguns projetos que visam o ingresso de estudantes de escolas públicas sem o vestibular. Vale ressaltar que a UFRJ já teve um ciclo básico, alterado em 1994, para o atual sistema de escolha direta das habilitações. Os principais motivos que levaram à mudança foram as dificuldades administrativas e o acúmulo de alunos no Ciclo Básico. Como a seleção para a habilitação era por nota, muitos preferiam repetir matérias a ter que ingressar em uma habilitação que não era sua primeira opção.

Hoje em dia, entretanto, os estudantes enfrentam o problema da escolha precoce da carreira, que resulta em um alto índice de desistência dos cursos. Para Ericksson Almendra, “aos 17 anos, não há maturidade, nem conhecimento suficiente para uma escolha tão importante”. Outro problema é a grande especificidade dos cursos; muitos alunos desconhecem a área de atuação do profissional formado. Apesar das críticas, o sistema atual promove um maior controle sobre o curso e orientação aos estudantes, que têm contato mais direto com a área profissional escolhida. Eduardo Gonçalves Serra, professor da Politécnica, lembrou que não existe um modelo perfeito: “o que se busca é a preservação dos benefícios que cada um deles traz”.

Autonomia no aprendizado
O vestibular da Universidade Federal do ABC (UFABC) foi apresentado como uma alternativa de sucesso ao atual sistema adotado pela UFRJ. Adelaide Faljoni-Alário, pró-reitora de Ensino de Graduação da UFABC, detalhou o projeto pedagógico do bacharelado em Ciência e Tecnologia da universidade paulistana. O sistema é interdisciplinar, baseado em nove trimestres, e conta com disciplinas optativas e livres. “Tudo isso evita a evasão, garante a autonomia do aprendizado e fortalece a capacidade dos alunos de se integrarem em grupos heterogêneos”, destacou a professora. O sistema adotado pela UFRJ, por sua vez, embora apresente alguns problemas em nível quantitativo, é reconhecido qualitativamente, o que dificulta a sua mudança.

Segundo Ângela Rocha, decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), “somos muito bem conceituados no ‘Provão’, mas apenas 10% dos estudantes universitários do estado do Rio de Janeiro estão na UFRJ. Além de aumentar o número de vagas, precisamos diminuir a evasão”. Para a diretoria do Centro Acadêmico da Engenharia (Caenge), os estudantes precisam ser melhor orientados, com um ensino de mais qualidade. Os alunos vêm tentando realizar um trabalho de conscientização interna para unir as propostas da universidade às necessidades do mercado. De acordo com a decana do CCMN, os cursos oferecidos pela UFRJ são excelentes, mas precisam de um sistema que conceda orientação eficiente aos alunos. Uma proposta sobre a criação de um Ciclo Básico está sendo desenvolvida no referido centro e será apresentada em fevereiro de 2007.