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Estudantes da ECO ocupam gabinete do diretor

Cerca de 50 alunos da Escola de Comunicação da UFRJ ocuparam, no último dia 15 de junho, o gabinete do diretor da Escola, José Amaral Argolo. Os estudantes reivindicam melhorias na infraestrutura, paridade nas eleições além da exoneração do diretor.

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A Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ viveu ontem, 15 de junho, um dia tenso, quando cerca de 50 alunos dos cursos de graduação da Unidade ocuparam o gabinete da Direção, exigindo melhorias gerais na Unidade. O ato, organizado pelo Centro Acadêmico da Escola (CAECO) e pelo DCE Mário Prata, contou com a presença do Pró-Reitor de Graduação (PR-1) da UFRJ, Profº José Roberto Meyer, conforme o pedido dos estudantes.
Por volta das 13 horas, os alunos que estavam concentrados no Laguinho, jardim central da Escola, começaram a ocupação, com panelaço, apitaço e faixas de protesto contra a situação atual da Unidade, cobrando a presença de um representante da reitoria, a quem pudessem apresentar suas reivindicações. Segundo Laura Abrantes, diretora do CAECO, apesar de instaurada uma sindicância, algumas medidas administrativas podem ser tomadas pela Reitoria, independentemente das apurações em curso.
“Fizemos uma assembléia com alunos das quatro habilitações de comunicação e decidimos realizar esse ato. Entendemos ser possível a tomada de medidas mais concretas, como a reforma de banheiros, contratação de professor substituto ou mesmo um novo projeto pedagógico para a ECO, independente da sindicância”, afirma Laura.
Pouco antes das 16 horas, o professor José Roberto Meyer chegou acompanhado do superintendente geral do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), prof° Moacyr Barreto e da Coordenadora de Graduação do Centro, profª Andréa Teixeira, e se reuniu durante quase duas horas com os estudantes. A chegada do Pró-Reitor acalmou os ânimos, exaltados pelo bloqueio do acesso ao gabinete do diretor da Escola. Houve confusão quando o professor Luciano Saramago forçou sua entrada no gabinete e foi impedido pelo cordão de isolamento feito pelos alunos. O prof. José Amaral Argolo não quis se pronunciar sobre o ato e, impedido de entrar no gabinete, retirou-se do local da manifestação.
Depois de muita discussão e troca de informações, os estudantes apresentaram suas reivindicações ao pró-reitor José Roberto. Eles querem a elaboração de um projeto pedagógico, reformas físicas na Escola, exoneração do atual diretor e paridade nas eleições para escolha de dirigentes. José Roberto considerou legítimas a ocupação e as reivindicações dos alunos, mas ponderou que há um procedimento institucional que precisa ser considerado e respeitado.
“Nem sempre a velocidade dessas intervenções é a ideal. Na Faculdade Nacional de Direito travamos um duelo acadêmico desde março do ano passado. Já existe uma Comissão examinando problemas na gestão administrativa da ECO, e vou propor outra na próxima reunião do CEG (Conselho de Ensino de Graduação), quarta que vem, de caráter acadêmico. Além disso, encaminharei ao Gabinete do Reitor essa pauta de reivindicações e na volta do prof° Aloísio, de Brasília, na sexta-feira, realizaremos uma avaliação da situação”, afirmou o pró-reitor em seu discurso.
Os estudantes argumentaram que precisavam de um respaldo maior da Reitoria para apresentar suas demandas nos conselhos superiores e redigiram um documento, ao final da reunião, para ser assinado pelo prof° José Roberto. O pró-reitor afirmou que não faria nada passando por cima da autoridade do CEG, do qual é presidente, e do Conselho Universitário (CONSUNI).
“O CEG sempre esteve à frente da resistência democrática dentro da UFRJ e agora não será diferente. O que eu não posso fazer é passar por cima da autoridade institucional. Por isso, me comprometo a apenas enviar essa moção reivindicatória dos estudantes ao CEG. E convido todos vocês a comparecer ao CEG na semana que vem, onde darei voz a um representante para apresentar essas demandas. A mobilização precisa ser maior e tem que objetivar a totalidade. É o que posso fazer”, falou o professor.
Após uma pausa na reunião, onde os alunos reescreveram o documento, finalmente chegou-se a um consenso. Leia abaixo a íntegra.
Através do presente documento, os representantes da Reitoria, do CAECO e do DCE Mário Prata reafirmam os seguintes compromissos como fruto da ocupação do Gabinete da Direção da Escola de Comunicação:
1 – Defesa no CEG da abertura de uma Comissão Acadêmica na ECO, composta de professores, estudantes e técnico-administrativos e acompanhada pelo CAECO, com a função de rediscutir o currículo do curso e elaborar um projeto pedagógico.
2 – Apresentação no CEG e no CONSUNI da moção redigida pelos estudantes da ECO que solicita a exoneração da direção atual da ECO e a paridade nas eleições.
Assinam representantes da Reitoria, do CAECO e do DCE Mário Prata.

Pedro Martins, do CAECO e do DCE Mário Prata, se mostrou satisfeito com a resultado do ato.
“Hoje foi um passo bastante importante. Não temos mais diálogo com os colegiados da ECO, que querem afastar os alunos dessas discussões relevantes, e o professor José Roberto assumiu em nome da Reitoria esses dois compromissos importantes para a Escola. Espero que tudo isso seja revertido em fatos concretos, para que a ECO saia da decadência em que está hoje. Além disso, o ato contou com a presença maciça dos alunos, o que dá maior visibilidade ao movimento, inclusive com a presença da imprensa”, afirmou.
Também estiveram presentes no ato representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (SINTUFRJ) e a profª Sara Granemann, presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ (AdUFRJ). A profª Ivana Bentes, da ECO, afirmou que, apesar de ser ruim para a imagem da Escola a instauração de uma sindicância, vê com bons olhos esse movimento.
“Sindicância é sempre ruim, mas tem o lado positivo de mobilizar os alunos, professores e funcionários em torno de uma coletivização maior da Universidade. É mesmo uma forma de zelar pelo bom nome que a ECO tem no mercado”, afirmou.