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Operando desafios

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho vem se destacando na realização de transplantes. O Dr. Joaquim Ribeiro Filho, prof. adjunto da Faculdade de Medicina da UFRJ e coordenador do Programa de Transplante de Fígado do Hospital Universitário, conta que o HUCFF é pioneiro em transplante de fígado no Estado e ainda realiza transplantes de rim, de medula, de córnea e pâncreas, além de ser considerado o segundo no Programa da América Latina em transplante de pulmão.

agencia1308T.jpgO Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – HUCFF, conhecido também como Hospital do Fundão, reúne, em seus 110.000 metros quadrados, não apenas serviços direcionados à população que precisa de ajuda médica especializada. Nele atuam também professores, pesquisadores e alunos numa sinergia que proporciona à Universidade o status de ter um dos melhores cursos de medicina do país, superando as adversidades. No HUCFF atuam cerca de 3.500 funcionários, entre docentes, profissionais da saúde e técnico-administrativos, contando ainda com médicos residentes e estudantes de medicina. Desde sua fundação, em 1975, o Hospital foi idealizado como um “verdadeiro compromisso social”, e assim mantém seu perfil até hoje.
Atualmente, o Hospital Universitário vem se destacando na realização de transplantes. O Dr. Joaquim Ribeiro Filho, prof. adjunto da Faculdade de Medicina da UFRJ e coordenador do Programa de Transplante de Fígado do Hospital Universitário, conta que o HUCFF é pioneiro em transplante de fígado no Estado e ainda realiza transplantes de rim, de medula, de córnea e pâncreas, além de ser considerado o segundo no Programa da América Latina em transplante de pulmão. “Os hospitais que realizam transplantes são geralmente considerados diferentes dos outros hospitais, principalmente aqueles que realizam transplante de fígado, pois trata-se de um transplante bastante complexo que envolve a interação de diversos profissionais.” afirma o Dr. Ribeiro.
Uma iniciativa bastante interessante é o banco de pele, ainda numa fase embrionária na UFRJ, que retira tecidos de pele de doadores cadáveres, conservando esta pele, que servirá de curativo biológico para doentes queimados. O Dr. Joaquim Ribeiro explica que o doente queimado fica sem a superfície da pele, então, o curativo é colocado no paciente e depois sua pele vai se reconstituindo.
Segundo o Dr. Joaquim Ribeiro, o Hospital realizou, no ano passado, 40 transplantes de fígado, dois de pulmão, seis de pâncreas, 80 de rim, e ainda, 2 transplantes de córnea. Há cerca de um ano na coordenação do Programa Rio Transplante, da Secretaria Estadual de Saúde, programa este que gerencia todo sistema de transplantes do Estado do Rio de Janeiro, na capitação, distribuição e no controle de qualidade desses transplantes, o Dr. Ribeiro explica que este quadro deve ser maior ao final deste ano – “Neste primeiro semestre de 2004, houve uma descentralização no Rio Transplante, gerando um aumento muito significativo na captação de órgãos no Rio de Janeiro, que já chegou a ser o 17º no Brasil, mas hoje disputa o segundo lugar. Até agora, neste ano, já fizemos 30 transplantes de fígado, mais de 60 de rim, e sete de pulmão… falta desenvolvermos mais o transplante de pâncreas e inserirmos o transplante cardíaco”.
Apesar da crise pela qual passam os Hospitais Universitários, o HUCFF é o principal centro de transplantes no Estado do Rio de Janeiro – “Tais cirurgias trazem novas tecnologias para o Hospital e contribuem para o desenvolvimento de diversos profissionais, como cirurgiões, anestesistas, clínicos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas e outros.” – , completou O Dr. Joaquim Ribeiro.
O Dr. Carlos Henrique Boasquevisques, coordenador do Programa de Transplante Pulmonar do Instituto de Doenças do Tórax da UFRJ, IDT, que funciona no HUCFF, teve uma experiência promissora com sua equipe, pois, realizou, este ano, o primeiro transplante bilateral seqüencial no Estado. “Em 1999, realizamos o primeiro transplante de pulmão do Rio de Janeiro, um transplante unilateral num paciente com enfisema pulmonar e agora, em 2004, nós realizamos o primeiro transplante bilateral seqüencial num paciente que tinha bronquiectasias”.
De acordo com Boasquevisques, o transplante unilateral pode ser utilizado em qualquer doença pulmonar com exceção das doenças pulmonares infecciosas, ou seja, doenças sépticas, principalmente a bronquiectasia e a fibrose cística, uma vez que não se pode substituir apenas um pulmão e deixar um foco infeccioso num paciente que será imunossuprimido, pois assim, o paciente teria uma infecção generalizada. Desta forma, nos pacientes com doença pulmonar séptica, há a necessidade de se substituir os dois pulmões. A cirurgia consiste na retirada do pior pulmão, substituindo-o, enquanto o outro, que funciona melhor, mantém o paciente durante a anestesia. Terminado este primeiro transplante, substitui-se o outro pulmão. “Foi uma cirurgia muito trabalhosa, com suas dificuldades, mas o que importa é que o resultado foi positivo, o paciente teve alta e passa bem”, afimou Boasquevisques. Considerado um procedimento exemplar da chamada alta complexidade, o transplante durou 13 horas e contou com cirurgiões torácicos do Hospital do Fundão e do Instituto de Doenças do Tórax.
Os resultados do Programa de Transplante Pulmonar da UFRJ aqui são equiparáveis a qualquer programa fora do Brasil – “Até hoje, já realizamos 14 transplantes em 11 pacientes, dos quais nove tiveram alta hospitalar, e isso, dá uma sobrevida nos primeiros trinta dias de quase 82% e, aproximadamente 73% em um ano. Esses dados são compatíveis com qualquer programa de transplante pulmonar internacional com qualidade reconhecida.” –, orgulha-se o Dr. Boasquevisques.