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Memória

Uma viagem à Pré-História

As expedições em cavernas alagadas, realizadas pela UFRJ em 1993, hoje fazem parte de um programa concomitante de difusão chamado Encontro de Gigantes na Pré-História do Brasil Central (EGPB), apoiado pelo CNPq. Sob a supervisão do prof. Leandro Sales, uma das áreas que obteve destaque foi a Caverna do Japonês, pela vasta diversidade que possui em fósseis de grande mamíferos, como os dos Mastodontes.

agencia1118T.jpg Em 1993, sob supervisão do professor Leandro Salles, a UFRJ investiu em expedições em cavernas alagadas, o que gerou um conjunto de teses e dissertações sobre o assunto. Após alguns anos, os estudos se fortaleceram com a expansão para a Região da Serra da Bodoquena, no estado do Mato Grosso do Sul, onde existe um grande número de cavernas alagadas ricas em fósseis. Entre elas, destaca-se a Caverna do Japonês, com muita diversidade em fósseis de grandes mamíferos, como os dos recentemente descobertos Mastodontes.
Hoje as expedições fazem parte de um programa concomitante de difusão chamado EGPB (Encontro de Gigantes na Pré-História do Brasil Central), apoiado pelo CNPq. Trata-se do resgate de memória da nossa história nos últimos dez mil anos quando aconteceu a última grande transição da natureza: o último período glacial, marcado por muitas extinções de animais, presença do homem como predador e a sua explosão sócio-cultural. A missão do professor Salles foi unir a ciência com o projeto educativo, através de trabalhos de difusão e extensão.
Entre as propostas, que deverão ser concretizadas até o mês de setembro, estão a produção de um documentário de 24 minutos com o título de “O Resgate do Mastodonte Brasileiro”, envolvendo expedições, estudo espacial e reconstrução técnico-artística; a criação de um site; a reconstituição dos mastodontes em 2D para revistas científicas e a publicação de histórias em quadrinhos junto com um guia para professores, que falam de maneira geral da paleontologia e cavernas para alunos do Ensino Fundamental.
O uso do material extracurricular deve gerar um relatório sobre o potencial desse tipo de trabalho para que possa ser inserido no programa do MEC em uma escala maior.
O projeto é vinculado a uma rede de museus do Brasil, que foi formalizada juridicamente através de uma associação fundada em fevereiro de 2004, chamada “Memórias Naturais, Cidadanias, Ciência e Cultura”. O Museu Nacional vai abrir suas salas de cinema e promover exposições com réplicas em resina das peças de mastodontes, para que as crianças possam ter contato mais próximo da realidade. Além disso, modelagens virtuais serão animadas em maquetes e haverá o funcionamento de terminais de computadores para exibição de CD-Rom multimídia, promovendo maior interatividade.
Foi desenvolvido um intenso trabalho interdisciplinar, nas áreas da Genética, Biologia e Antropologia. “Estamos em uma fase crucial do projeto, que foi recentemente selecionado pelo CNPq. Também estamos fazendo contato com algumas empresas privadas para obtenção de patrocínio”, afirmou Leandro Salles.
O projeto permitiu o pioneirismo brasileiro com o sistema de Air Lift, uma aspiração subaquática que permite a escavação em cavernas alagadas consideradas perigosas e de difícil visualização. “Durante a natação e na coleta de materiais, os segmentos, por serem muito finos, acabam formando cogumelos de poeira na água, dando a sensação de estarmos mergulhados em um copo de Nescau. O Air Lift ‘peneira’ a água aspirada”.
Segundo Leandro Salles o EGPB tem tudo para dar certo, já que mexe com a origem mais primitiva da cultura brasileira, através de uma leitura do presente visto por um prisma histórico, com uma linguagem acessível ao público.