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UFRJ opina sobre matéria de O Globo.

O Conselho Universitário (CONSUNI) e os Conselhos de Ensino de Graduação (CEG) e de Ensino para Graduados e Pesquisa (CEPG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro opinam sobre a matéria Violência afasta classe média do Fundão – publicada no dia 24 de agosto de 2003, na página 24 do jornal O Globo.

O Conselho Universitário (CONSUNI) e os Conselhos de Ensino de Graduação (CEG) e de Ensino para Graduados e Pesquisa (CEPG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro opinam sobre a matéria Violência afasta classe média do Fundão – publicada no dia 24 de agosto de 2003, na página 24 do jornal O Globo. Através de uma carta aprovada por unanimidade em sessões ordinárias destes conselhos, realizadas nos dias 27 (CEG), 28 (CONSUNI) e 29 (CEPG) de agosto de 2003, além de moção aprovada pelo CEPG, também por unanimidade, a UFRJ emite comentário manifestando sua preocupação com a citada publicação. Eis a íntegra da carta e moção aprovadas, encaminhadas pelo Chefe de Gabinete, João Eduardo ao Diretor de Redação e Editor Responsável pelo jornal, Rodolfo Fernandes.

“Senhor Diretor de Redação e Editor Responsável do Jornal O Globo,
Dirijimo-nos a V.Sª para manifestar nossa preocupação com a matéria publicada nesse Jornal O Globo, no dia 24 de agosto, na página 24, seção Rio.
Com o título “Violência afasta classe média do Fundão”, a matéria foi publicada durante a primeira semana de inscrições para o Concurso de Acesso aos Cursos de Graduação da UFRJ, sem que nenhum representante da administração superior da Universidade tenha sido ouvido. O fato se choca com o que deve ser a correta conduta jornalística, que ensinamos em nossos cursos, baseada na isenção e na ampla liberdade de expressão.
A UFRJ passou por inúmeras crises nestes últimos anos, e a Comunidade Universitária vem buscando a recuperação de nosso papel no cenário nacional. Políticas e ações que apontam para a superação de alguns dos principais problemas que enfrentamos, como segurança, estão sendo séria e criteriosamente construídas e desenvolvidas.
Assim é que, ao não consultar adequadamente as autoridades institucionais, nem os que trabalham nos inúmeros projetos que estão sendo desenvolvidos cotidianamente no campus, ao isolar equivocadamente os problemas da Ilha do Fundão do conjunto da crise de segurança que atinge toda a sociedade brasileira, em especial o nosso estado, o responsável pela matéria acaba servindo ao propósito incompreensível e condenável de afastar da maior universidade pública do Estado do Rio de Janeiro e uma das mais importantes do país os candidatos que nela desejam ingressar e empreender sua qualificação profissional e cidadã, o que constitui desserviço lastimável ao interesse público.
É, também, lamentável que, ao omitir a importância e o alto nível da produção acadêmica e científica da UFRJ, a excelente qualificação de seus cursos, de seus professores e técnicos, reafirmadas sempre com a obtenção dos maiores conceitos nas avaliações dos Ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia, a matéria, diminuindo assim a universidade, tenha apequenado também um dos grandes órgãos da imprensa brasileira”.

MOÇÃO

O CONSELHO DE ENSINO PARA GRADUADOS E PESQUISA da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunido em sessão ordinária, no dia 29 de agosto de 2003, entende que é seu dever e responsabilidade manifestar sua opinião, na forma da presente moção, com referência à matéria “Violência afasta classe média do Fundão”, publicada no jornal O Globo, em 24.08.2003. O CEPEG-UFRJ alerta para a necessidade de que a sociedade discuta criticamente idéias preconceituosas presentes no referido texto, segundo as quais a demanda por segurança é exclusiva das classes médias e o acesso à Universidade é privilégio natural dos mais abastados. Na oportunidade aberta pela explicitação de tais preconceitos em importante órgão de nossa imprensa, o CEPG reafirma a pertinência de se considerar que a segurança é um direito a ser a todos assegurados pelo Estado e que as políticas públicas de educação superior, sempre que concebidas na perspectiva da construção democrática do país, são aquelas que se voltam para a redução das barreiras sociais que persistem no acesso à Universidade.
Este Conselho manifesta, na ocasião, sua confiança em vir encontrar os órgãos de imprensa alinhados com as forças sociais empenhadas em construir um país menos desigual também no acesso à segurança e à educação.